quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Chegou a hora

Agora que dois mil e quinze está a findar e que todos se estão a preparar para o seu final e para receber o novo ano que aí vem cheios de novas resoluções, novos projetos e novos objetivos mas que lá para sábado, depois de passarem as ressacas, verificam que tudo estará absolutamente na mesma e que a vida continua o seu curso, seja ano velho ou ano novo.
Agora que estou finalmente no quentinho da lareira depois de um dia inteiro de diversão a pedalar com os amigos e mais uma molha daquelas, agora que os filhos e os pais e os irmãos estão entregues ás suas próprias viragens do ano nos locais escolhidos.
Agora que já convidei os meus amigos para jantar na praia e ver o ano a passar de garrafa numa mão e doze passas na outra (mesmo á pobre, eu sei, mas muito mais divertido), chegou a hora de vos desejar um maravilhoso 2016.
Que consigam cumprir com as resoluções e os objetivos e os projetos de cada um e sejam muito felizes.




terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Privilégio

As férias de fim de ano continuam.
E se ontem apanhei o maior banho da minha vida a pedalar, pois fui apanhada por um verdadeiro dilúvio em que houve inundações, estradas cortadas e afins, hoje fui brindada com 18 graus e um sol maravilhoso.
Em vez dos sapatos de encaixe e do capacete, hoje peguei nas sapatilhas e fui passear...
Sou uma privilegiada eu sei....





segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Este foi o ano

O ano em que voltei a acreditar em mim e nos outros.
Foi um ano em que muito vivi. 
Muito vi, li e aprendi.
Foi um ano de desafios superados e foi o ano em que me predispus a dar o melhor de mim e consegui.
Foi o ano em que olhei para mim e me vi.
Foi o ano em que me superei.
Foi um ano de memórias e de saudade.
Foi um ano em que sofri.
Foi um ano em que fiz muitas coisas de que gosto.
Pedalei. Pedalei muito, subi montanhas, desci trilhos mágicos, percorri caminhos maravilhosos.
Foi um ano em que muito me diverti.
Foi o ano em que decidi.
Foi um ano em que lutei.
E foi mais um ano em que sobrevivi.
Não foi um ano fácil, os anos nunca são fáceis. Não existem anos fáceis.
Mas foi um ano bom.
E feliz, muito feliz.
Projetos para o próximo ano tenho muitos, mas promessas não faço, deixo-me ir....




E ao dia 28 de Dezembro

Mesmo a tempo do fim do ano dois mil e quinze realizei mais um objetivo. 
Segunda-feira, férias. Acordei cedo como habitualmente, abri a janela e o dia estava chuvoso, a casa estava em ordem, fruto de um domingo de limpezas e por isso achei que merecia, decidi ficar no quentinho. A casa estava calma, silenciosa. O gatos Zé e Maria vieram enroscar-se a meus pés e passados alguns minutos a olharem para mim e a ronronarem, adormeceram. Embalada naquela quietude fiz o que há meses não conseguia, peguei no livro que andava a ler desde Setembro e acabei-o de uma assentada. Há muito que não demorava tanto  a ler um livro. Foi-me incutido bem cedo o gosto de ler, gosto das palavras, das frases que me contam histórias e me ensinam coisas. Já li centenas delas, mas a curiosidade de as saber completas leva-me muitas vezes a ler livros inteiros numa noite só. O tempo, esse, não estica, os afazeres são muitos e os objetivos a que me proponho ainda são mais e muitas vezes não pego nos livros por saber que não consigo parar antes de os ver chegar ao fim e isso custa-me noites de que preciso para descansar e os olhos já não são o que eram, sinto-os cada vez mais cansados. Não  podia no entanto deixar este objetivo por cumprir e como sempre que pego num livro, as letras sucediam-se apressadamente, capítulo após capítulo. Sorvi-as a todas com pressa e avidez certa de saber o final da história. Não sabia, o que ainda mais me surpreendeu. Todos os livros me surpreendem. Há muito que não passava uma manhã na cama a ler o que me fez recuar aos tempos de adolescente em que não havia computadores nem smartphones e a TV só tinha quatro canais. Eu, lia livros ao som do Oceano Pacífico na radio e adorava. 
A ver se em dois mil e dezasseis volto a ler histórias.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Neste Natal

O bacalhau já veio da Noruega e as couves do quintal da Ti Alzira. O peru, bom, o peru armou-se em engraçadinho e escapuliu-se, ninguém deu com ele, tivemos de ir ao talho, mas já está recheado e á espera de vez no forno. As filhoses vêm da casa da sogra e as restantes iguarias estão a ser confecionadas por toda a família. O serviço de Natal está preparado e pronto para ir para a mesa. Tudo a postos. 
Natal é família, Natal é amor, Natal é paz e comida na mesa. 
Desejo-vos um feliz Natal!



segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Missa do Galo

Naquele ano ela cismou que tinha de ir á Missa do Galo. 
Teve uma educação religiosa mas assim que teve direito a fazer escolhas, optou por não frequentar a missa, naquele ano porém, faria questão de ir. A sua roupa nova foi estreada na noite da Consoada para ir bonita é missa e não no dia de Natal, o que todos estranharam, mas esse assunto apenas a ela dizia respeito e não era entendível o sorriso que lhe bailava no rosto, a luz nos seus olhos e o sonho no pensamento. Esta seria uma noite diferente, muito especial e assim que se fez noite e se aproximava a hora da missa, o seu coração começou aos pulos, numa ansiedade que seria difícil de aquietar senão lá para a meia-noite.
Convencou o pai a ir levá-la á igreja para ir buscá-la depois. O que não faz um pai por uma filha.
A noite estava fria, mas o seu coração estava a arder. O céu estava inundado de estrelas que a seguiram até á entrada, encontrou as amigas, mas foi ficando para trás, o seu olhar perscrutava devagarinho todas as pessoas em volta que entravam apressadas para conseguir o melhor lugar. Procurava um rosto, um olhar, um sorriso que conhecia bem e que lhe sossegava a alma ao mesmo tempo que lhe fazia acordar as borboletas do estômago e lhe acalentava o corpo.
Avistou-o, sorriu-lhe e ele aproximou-se cumprimentando-a. Roçou a mão na dela sem ninguém perceber e segredou-lhe ao ouvido que estava bonita. Olharam-se nos olhos sem mais palavras, mas dizendo tudo. Ela entrou e ele ficou á porta, á espera que a missa acabasse para a ver de novo. 
Da missa não ouviu nem uma palavra, só pensava nos beijos já trocados, nas suas mãos quentes, no seu sorriso maroto, nas suas palavras engraçadas. Saiu apressada. 
Olharam-se de novo e cada um foi para sua casa. O melhor presente já o recebera, Dormiu sorrindo de coração sossegado. Todos os dias, já lá vão uns trinta anos.

Escolhas

Os filhos são  o nosso bem mais precioso  e a eles e por eles, fazemos o que jamais pensariamos fazer por alguém.
Educamo-los, cuidamos deles, ensinamos-lhes valores e atitudes. Ao longo das suas vidas vamos tirando as pedras do seu caminho amparamo-los quando tropeçam  e tentamos evitar que caiam. Tentamos sempre, mas sempre, que façam as melhores opções quando estão perante as encruzilhadas que vai nao vai lhes aparecem,  teimamos em aconselhá-los, alertamos, mostramos o que poderá ser o melhor para eles, mas há  uma coisa que não conseguimos fazer. As suas escolhas.....
E nem devemos, podendo isso por vezes significar vê-los cair.....

domingo, 20 de dezembro de 2015

E eu que até sou despachadinha

Tenho afinal um presente em falta pois filhos decidiram que uma criança de nove anos com um aquário enorme e uma grande afeição por peixes teria de receber no natal, não apenas roupa, mas mais peixes para o seu aquário.
Pois aqui esta Gaja que vos escreve prescindiu de uma manhã de pedaladas para ir ao shopping comprar peixes....
Primeira pergunta: Peixes de água quente ou fria?
Pois...
Segunda pergunta: A criança tem peixes grandes ou pequenos?
Pois....
É que os grandes podem comer os pequenos.
Pois....
Terceira pergunta: São para oferecer no Natal? Onde os vai guardar?
Pois....
Ah! Tem gatos em casa.
Pois....

Pois.... Não só não parei na peixaria para trazer um sargo, como não comprei um tubarão telecomandado, nem uma sardinha embalsamada. Vou ter de lá voltar na véspera de Natal!!!
Buahhhh

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Dizem que são só blogues

São blogues sim, pequenas janelas, umas maiores, outras mais pequenas, umas têm personagens, outras têm pessoas. Quase todas têm gente lá dentro. Gente que nos ensina, que nos inspira, que nos anima e que de alguma forma nos abre as portas do mundo. De outros mundos. Algumas até nos desgostam é certo, mas a maioria mostra-nos o quão enormes mais podemos ser. 
Gosto disto dos blogues e da gente que têm dentro.
Hoje tinha um embrulho na minha caixa de correio. Nem sei como conseguiu o carteiro lá chegar com tanto chaimite á minha porta, é que a minha rua hoje ganhou um tapete novo.  Ao abrir o embrulho verifiquei que o conteúdo estava cheio de coisas boas, coisas que isto dos blogues me trouxe. E não eram só coisas, para além das coisas, vieram carinho, bondade e inspiração que reforçaram em mim uma enorme vontade de abraçar a pessoa que as enviou e dizer-lhe obrigada. Obrigada pela garra, pela determinação, pelos ensinamentos e pela vontade de ser cada vez melhor que desperta em mim.
Obrigada Loira!

Socorro, vou ser atacada

Devo ter-me portado muito mal este ano. O Pai Natal, em vez de mandar o trenó  e as renas, enviou chaimites...

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

A vida é uma caixa de surpresas

Passamos tantos dias da nossa vida á procura de algo de que precisamos tanto, por vezes até  desesperadamente e não encontramos.
Quando finalmente desistimos e até nos convencemos que afinal de contas não precisávamos assim tanto desse algo, deixam-nos um embrulho á porta.
E nós,  não sabemos se o desembrulhamos ou não  para ver o que está  lá  dentro...

domingo, 13 de dezembro de 2015

Feito!

Vacinei-me contra a raiva. Em seguida passei pela farmácia e comprei 10 kgs de pachorra, dois comprimidos para os nervos e dois kgs de ideias. Levei óculos escuros para que não me chorassem os olhos com as luzes, cotoveleiras para afastar pessoas e capacete para o caso de a coisa ficar mesmo perigosa. Aí vou eu para a cidade e depois para o Shoppping. Em dois dias despachei os presentes todos. Sou muito despachadinha. Tão despachadinha que até comprei presentes para "moi même".
O que gostei mais foi esta máquina á prova de tudo. Á prova de choque, de lama e de água. Agora quando vou pedalar, em vez de parar, tirar as luvas, tirar o telemóvel da bolsa protectora, carregar em tudo quanto é botão para tirar uma foto quando simplesmente o momento já passou, agora é levar a máquina na mão e clic aqui, clic ali e ela a bater nos pinheiros e nas pedras e a cair na água e a ficar intacta (vamos ver....)


Gira não é? Mesmo a fazer pandã com a bike. E até já a estreei, funciona. Ainda..



quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

As segundas á quarta

Hoje não, não foi segunda feira mas eu que até aprecio as rotinas, quer dizer, tenho dias, nuns apetece-me tocar "As quatro Estações" de Vivaldi no piano, mas noutros só me apetece tocar "AC/DC" na guitarra. É por assim dizer uma versatilidade "derivada" do humor cá da minha pessoa, mas não, não sendo então segunda feira, eu agi como se fosse e acordei de mau humor. Isto de ter verificado que o fim de semana XL se finou não foi bom, não foi. Então, como em todas as segundas de manhã, estava emburrada, irritada e muito rabujenta e á tarde  já muito bem disposta, produtiva e com a mania de engraçada. Gosto de me armar em engraçada eu, de cantar enquanto trabalho e de mandar umas larachas. Pois... 
Eu juro que todos os dias tento trabalhar calada e quieta a bem do bom ambiente de trabalho e da concentração, mas isto de as coisas serem como são e de a essência nunca mudar é mais forte do que eu, o que hei-de eu fazer?
Com isto tudo, marchou um destes...
Corpo de chocolate com recheio de caramelo que se desfaz na boca e nas mãos deixando-as deveras pegajosas. Uma verdadeira badalhoquice no que toca a canetas e papelada e telefones, mas coisa mais boa não há e desde que o descobri nunca mais o larguei. A primeira maravilha da minha gaveta das guloseimas. A marca? Nã, não conto a não ser que paguem bem.



terça-feira, 8 de dezembro de 2015

As coisas são como são

Foi por alturas de um final de dia, que por sinal tinha sido encantador mas que foi ficando cinzento á medida que avançava, que me apercebi da mudança na minha até então distorcida realidade. 
Há muito que os dias amanheciam brilhando, talvez alguns fossem cinzentos ou até chovesse, mas a mim parecia-me sempre que lá mesmo em cima, por cima das nuvens o sol brilharia para sempre. Mas a neblina apoderou-se do céu e aconteceu que á minha volta tudo pareceu se transformar, sem que me tenha realmente apercebido. Foi então, naquele final de dia já escuro que realizei uma vez mais que por muito brilho que dêm ás palavras e ás atitudes, por muito que se tente modificar, voltar atrás, andar para a frente ou para os lados, até para cima e para baixo, chega uma altura em que se verifica que a essência nunca muda.
Um pássaro é sempre um pássaro e gosta de voar, um cão é sempre um cão e gosta do seu dono e uma pessoa é sempre uma pessoa, um ser cheio de brilhos mas também de tons cinzentos.

Um gato é sempre um gato e gosta de dormir á lareira....



segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Burgessa

Uma gaja bem quer  aprumar-se e armar-se em dondoca para ir ás compras, mas não passa de uma burgessa.
Hoje tirei um dia de férias e á tarde fui pedalar. Em chegando a casa tomei um banho, sim, uma gaja lava-se depois de pedalar, aperaltei-me e corri a uma loja para comprar umas coisas. Encontrei lá um colega de trabalho...
- Xi, Gaja tu não páras, já foste pedalar hoje, tu nem nas férias descansas?
- Ein? como é que sabes, tenho um ar assim tão cansado?
- Não, tens é o vinco do capacete na testa...

domingo, 6 de dezembro de 2015

Ouvi dizer

Que era inverno e que por ser inverno se usavam os pêlos...
O inverno não encontrei, mas ainda vi dois casacos

E um por do sol fantástico...



E uma imensidão de mundo envolta em neblina...


quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

A vingança

Gataria anda enervada.
Depois da minha brilhante ideia, a árvore de Natal anti-gatos, de momento com as luzes desligadas para não chamar a atenção, gataria anda tristonha e cabisbaixa. Afinal é Natal e não há árvore para trepar e virar, bolas e estrelas para brincar, judiarias natalícias para fazer. Vai daí que gataria resolveu fazer a vingança e pata ante pata começaram a arranhar o meu rico sofá, hoje bati com os olhos nele.... A vingança está concretizada! 
Um dia ainda mato estes gatos e para já está tudo de castigo na garagem.




terça-feira, 1 de dezembro de 2015

A lampada mágica

Foi num dia frio de inverno, logo pela manhã, que desejei tão fortemente esfregar a lampada mágica e voar. Acreditei, esfreguei e voei!
Talvez esse voar não tivesse sido bem sucedido pois ao invés de o meu voo ter aterrado algures na Muralha da China como era meu desejo, aterrou no meio de um conflito entre dois mundos. O inferno era tal que choviam pedras e tiros, as crianças corriam sem destino chorando, as mulheres gritavam ao verem-se perdidas e sem nada, as suas casas estavam destruidas e os seus maridos empunhavam armas e disparavam sem saberem muito bem para onde nem contra quem.  Já não havia ruas, não havia casas, não havia carros nem animais. Não havia alimentos. Havia sim feridos, doentes, gente com fome, gente que já nem era gente. O fm estava próximo. Tão próximo que corri a pegar na lampada, esfreguei com muita força e voltei a voar para o meu cantinho. Cheguei! 
Cheguei com a certeza de não querer mais partir, com a certeza de que apesar de tudo, voar para longe nem sempre é o que no final de contas desejamos. Cheguei com a certeza de que o inverno, o frio e os dias cinzentos são céu comparados com o inferno.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Vou ali atirar-me ás ondas do Canhão da Nazaré e já venho, ok?

Com um bocado de sorte, vem de lá o McNamara e salva-me.
Não fui à Black Friday, não comprei um único presente, não tenho wishlist nem faço ideia do que comprar para as minhas pessoas. Eu que sou de fazer listas tão criativas, nem uma listazinha tenho para amostra, muito menos tempo e pachorra para ir bater perna nas lojas. Vá lá fiz a minha árvore de Natal anti-gatos (que ainda está intacta Graças a Deus) e já estou com sorte. Além disso tenho a despensa aos gritos de tão vazia. A despensa e os filhos.
Uma Gaja só quer é pedalar e depois é isto.
Hoje depois do trabalho, fui a correr ao Shopping comprar dois presentes de aniversário mais que atrasados, entre ver e escolher, estava na hora da janta, corri ao hipermercado para trazer uns bifes para o jantar, credo!!! Primeiro que conseguisse chegar á carne, quase tive de dar dois sopapos aquela gente toda a pairar nos corredores, quando fui para pagar, as filas eram tão grandes que já nem me apeteciam bifes.
Acho que neste Natal vou pedir tempo e pachorra. Ah! E um pouco de bom feitio também precisava. Isto hoje correu mesmo mal o dia todo....
Amanhã é outro dia, Avé!

Nos teus passos

Nos teus passos eu sigo.
Atrás de ti, á tua frente, ao teu lado...
Nos teus passos eu vejo o sol, eu vejo a lua e as estrelas
Nos teus passos eu rio, eu choro, eu acredito e confio
Nos teus passos eu vivo, seguindo-os de olhos vendados
Aos teus passos eu junto os meus e juntos caminhamos já lá vai quase uma vida
Venha a chuva, venha a tormenta, venha tudo o que tiver de vir
Os teus passos e os meus são um só.

domingo, 29 de novembro de 2015

A Ecopista do Dão

Rumámos até Santa Comba Dão, estacionámos o carro, montámos nas burras e fizemo-nos à pista. Um grande passeio a dois, eu e marido, por aquela pista atapetada de folhas castanhas onde as árvores por cima de nós nos brindavam com a queda de mais folhas e folhas que pareciam flocos de neve a pairar à nossa passagem. Estava um frio do caraças que quase me caíram as orelhas e o nariz, isto no início de manhãzinha, pois até Viseu lá fomos subindo, subindo e logo nos deu o calor para irmos apreciando a paisagem magnífica daquelas bandas. O rio fez-nos companhia, assim como três corvos pretos que vimos várias vezes. Aquela zona é lindíssima no inverno. A pista foi construida por cima da antiga linha de caminho de ferro agora desativada, onde ainda estão as estações, as pontes e até o velho comboio.  Nos últimos quilómetros já nem víamos nada tão esganados de fome que estávamos, mas chegados a Viseu marcharam três bifanas, ó manjar dos deuses para dois ciclistas esfomeados. Voltámos para trás e fizemos todo o caminho de volta. Muitas paragens, muitas fotos, um total de cem quilómetros, quatro horas e tal de pura felicidade, sem trânsito, sem barulhos, sem telefones e sem gente a azucrinar a cabeça. Só nós,  a pista e a natureza. 












quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Aí está ela!


A minha árvore de Natal anti-gatos. Hoje, acabada de fazer está assim, amanhã, não sei....





Nos outros anos correu tão mal....





Estava aqui a pensar....

Que afinal até  gosto do calor.
Quais mantinhas e pantufinhas e chazinhos, quais roupas até  as orelhas, quais luvas e cachecóis, eu gosto é do verão, de passear quase nua de roupa na mão, eu gosto é da brisa a acariciar-me a pele quente, do fresco do mar nos pés,  do dia até ser noite, muito tarde.
Não  sei lá para que inventaram estes dias minúsculos de frio e vento e chuva e noite sem fim....
Eu que odeio calor gosto é  do verão...

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O melhor de nós

Das inúmeras pessoas que passam pelas nossas vidas, umas são céu, outras são inferno, mas todas mesmo todas nos ensinam algo.
Todas nos ensinam, quanto mais não seja, alguns golpes de karaté, umas quantas saídas ninja e alguns diálogos mais para o monólogo. Algumas levam-nos a deflagrar incêndios, a lançar dardos e a usar armaduras. Muitas levam-nos a construir bunkers.
Valham-nos no entanto as que nos ensinam a lamber as feridas, a levantar a cabeça e a seguir em frente. Valham-nos as que sempre acreditam, as que depositam em nós confiança, as que nos ensinam e nos amam. Valham-nos as que nos abraçam e nos dão a mão, quer estejamos no céu ou no inferno e para as quais não necessitamos de bunkers. Valham-nos as que tiram o melhor de nós.
Tenho muitas, sou feliz.

domingo, 22 de novembro de 2015

Digam-me como

Como é que eu gosto tanto de gatos se os gatos são bichos que por vezes dão cá uns nervos de fazer arrancar cabelos. 
Raios partam os bichos que arranham as cortinas e os sofás, fazem xixis e cocós como se não houvesse amanhã e que é preciso limpar, gostam da ração mais cara que há no mercado e são loucos por latas de comida húmida. Uma fortuna em comida e areias para cocós, para não falar de vacinas e anti-pulgas.
Ora, como posso eu gostar de bichos que fazem xixi contra a porta quando sentem a presença de outros gatos, se passeiam pelas bancas da cozinha, largam o pêlo por todo o lado, estacionam à frente da tv quando quero ver algo importante e passam a correr por cima do teclado do pc quando estou a escrever. Nunca me posso descuidar com nada aberto, o Zé não consegue que é gordo que nem um texugo, mas a Maria, esguia e magra, enfia~se em tudo o que é armário e gaveta e tira tudo para fora, adoram bacias e sacos em geral, conseguem abrir portas e caixas, os meus elásticos do cabelo andam sempre espalhados pela casa. Apanham ratos, lagartixas e passaritos e depois dormem no sofá ao meu lado.
Ainda por cima, dormem o dia todo e acordam para a vida quando chego a casa enrolando tapetes, desenrolando o papel higiénico, bebendo água da sanita e vomitando ervas nos tapetes.
Digam-me como adoro eu estes bichos?
Adoro "prontus"!
E quem tem animais e gosta deles, sabe do que falo.



sábado, 21 de novembro de 2015

Amazonia

Bem perto da minha casa existe uma pequena floresta a que chamam Amazonia. 
Uma encruzilhada de trilhos húmidos e verdejantes acompanhados de um riacho. Hoje o barulho do vento e das árvores a abanar e a ranger sobrepunha-se ao da água, mas não foi por isso que o passeio deixou de ser maravilhoso. Os trilhos são tantos que podemos andar por ali uma tarde inteira, praticamente sem repetir caminhos. A paisagem é linda e em muitos sítios temos mesmo de furar as silvas, contornar as árvores, descer para logo em seguida subir pequenos morros lamacentos. Há quem diga que até há lá alguns animais de médio porte, mas nunca me deparei com nenhum. Sou de facto uma privilegiada, moro num lugar fantástico.  Mas mais do que isso, se não andasse de bike, não conhecia nem metade e é por estas e por outras como esta que pedalar me deixa tão feliz.




Á saída da Amazonia

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

A minha nuvem

Não pensem que a palavra "pneu" na minha nuvem dos recados na parede da cozinha é para me lembrar de um qualquer pneu na hora das refeições, não. É mesmo para dizer subtilmente ás visitas  que tenham lá calma com as comezainas aqui em casa, que a vida custa a todos. Boa?


quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Ah pois é

Rir por tudo
Chorar por nada

Partir quando quer ficar
Calar quando quer falar

Amar quando quer odiar
Unir quando quer separar

Trabalhar quando quer passear
Limpar quando quer descansar

Rir e chorar por nada
Eis a vida de uma mulher
Quando está aparvalhada 

Xiça!!


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Positivismo

Ando a levar injeções de motivação e positivismo com a seringa das farturas (sim, aquelas seringas mesmo, mesmo grandes). Moderar as palavras e as atitudes, transformá-las em algo bom e positivo, cumprimentar, elogiar, acreditar, apoiar para nos tornarmos todos pessoas mais felizes. Tudo isto sob o nome de formação. Nada contra, até pelo contrário. 
E com tanto positivismo e tanta motivação até me apetece dizer a todos que os adoro, beijá-los, abraçá-los. Adoro o céu, adoro o mar, adoro os animais, as pessoas (nem todas, vá), adoro a minha família, os meus amigos, a minha bike, as flores e as árvores. Adoro-me. Adoro vocês! Chuaacc!!
Posto isto ouvi falar nos princípios da psicologia positiva que entre outras coisas dizem que todos os comportamentos são positivos independentemente das consequências. Por muito má que seja a atitude, todas têm base em algo positivo. Certo, encararmos os comportamentos menos bons dos outros como positivos por alguma razão e sermos tolerantes com eles é ótimo no contexto profissional e no pessoal e pode tornar-nos todos os dias pessoas melhores, mas expliquem-me que eu não consigo entender, se o comportamento gera comportamento, o que tem de positiva toda esta matança?

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Sem título

Dez horas.
Finalmente cheguei ao sofá, abri o blog e uma página em branco para escrever. Caramba, tanto espaço para tantas letras e não tenho nada para dizer. Hoje não se passou nada de especial, não pensei em nada de grandioso, não disse nada de espetacular, ninguém me disse nada de interessante, o mundo não explodiu, não me aconteceu nada engraçado, não tive azares nem sortes. Não, nada a dizer...
Bom, pensando bem, podia até dizer que estava um nevoeiro cerrado quando fui para o trabalho e que começou a dissipar-se ao longo do caminho, deixando-se ser atravessado pelos raios de sol mostrando-me uma imagem linda. Podia também dizer que o meu dia foi super produtivo, e que tinha tanto que fazer mas consegui dar conta de tudo, trabalhando sob stress eficazmente de forma a conseguir estar despachada ás 18 para ir ao ginásio e ainda vi o pôr do sol da vidraça do gabinete. Também podia dizer que estava com tanta energia que fiz duas aulas seguidas de cycling sem sequer parar durante o intervalo e podia ainda dizer que fiquei muito feliz quando cheguei a casa e o marido tinha feito o jantar. Tantas coisas boas que o meu dia me trouxe...
Ah! E afinal tenho uma coisa para dizer. Não há casas, não há carros, nem roupas de marca, nem sapatos, nem ouro, nem férias paradisíacas, nem fama nem sequer todo o dinheiro do mundo que paguem o estarmos vivos e termos saúde.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Enxaqueca - dicas?

São muitos os que infelizmente sabem o que são enxaquecas, aquela dor latejante de um dos lados da cabeça, que dá náuseas e vómitos, é sensível á luz, ao som e ao odor. Causa um mau estar enorme e limita a qualidade de vida. As crises podem durar bastante tempo se não forem controladas.
Sempre tive enxaquecas e muitas vezes me queixei à minha médica. Procurar a origem diz que é inglório, podendo no entanto aprender a controlá-las ou fazendo um tratamento preventivo.
A determinada altura quis fazer, comprei a receita, mas ao ler a bula, cheguei à conclusão que as minhas enxaquecas poderiam diminuir, mas eu torna-me-ia uma lobiwoman, isto é, as contra indicações falavam em nascimento de pêlos, engrossamento da voz, acne, aumento de peso, etc. Não cheguei a tomar um comprimido que fosse e lá fui tentando analisar quais as situações que despoletavam a dor. 
Consegui identificar a falta de café, o dormir horas a mais, certos cheiros. Mudei de pilula para uma dosagem de hormonas inferior e tento não mudar as rotinas do sono, do café ou os perfumes que uso. Desde que tenho estes cuidados, as enxaquecas reduziram substancialmente, tendo apenas no intervalo da pílula e se mudar as rotinas. A minha enxaqueca vem acompanhada de aura e perturbações de visão (vejo luzes, ai tão giro!) logo, assim que dou por elas, as luzes, ataco com medicação sem deixar avançar. 
Nem sempre consigo e ontem acordei eram dez horas, dormi mais três horas do que habitualmente...
Pespegou-se-me tamanha enxaqueca como há muito não tinha, não havia comprimidos que a fizessem passar, nem sei quantos tomei de tão desesperada. Mal consegui comer, os olhos incharam-me e as veias do lado direito da cabeça também. Pensei que me finaria durante a noite. Não me finei é certo, mas quando acordei, a minha cara parecia um balão toda inchada e a cabeça atordoada continuava a latejar. Ao longo do dia foi passando e já voltei ao normal, a crise está praticamente passada. Uf! Sobrevivi a mais uma...
Alguém terá por acaso alguma dica, alguma magia que possa ajudar em futuras crises?

Cada vez menos livres

Face aos últimos acontecimentos em França, fui dar uma volta pelo meu album da viagem a Paris. 
Se fosse hoje consideraria a hipótese de cancelar a viagem e cheguei à conclusão que estamos cada dia menos livres....



domingo, 15 de novembro de 2015

Merdas que só acontecem a uma gaja, eu!

Ontem fui laurear a pevide com o meu grupo de amigos. Sete casais, sem filhos, todos quarentões. E a idade é inportante para vos dizer que estas gajas quarentonas parecem pitas de quinze anos a brincar com os telémóveis. Elas é selfies, elas é fotos à comida, ao grupo, em grupos de duas, as loiras, as morenas, o vinho, as paredes do restaurante, eu sei lá. Umas para o blog, outras para o Face, outras para fazer inveja aos colegas de trabalho, tudo serve. Vai daí que havia uma tomada eléctrica atrás de mim e coitadas das moças desesperadas, lá fui colocando um a um alguns telemóveis a carregar, penduranto-os cuidadosamente na forra de madeira da parede assim mesmo ao pé da minha cabeça.

É agora que vos mostro fotos da comida. Tiborna de bacalhau, simplesmente maravilhoso, com pão frito em azeite, couve e migas de broa. Onde? Num sítio espetacular que não digo qual pois ninguém me pagou para isso mas é algures ali para o Guisado, perto das Caldas da Rainha.



Bom, continuando a saga dos telemóveis, o meu fui o último a carregar e é um pouco mais magrinho que os outros. Quando começou a dembandada, fui tirar o carregador da ficha e  simplesmente fiquei com ele na mão... sem telemóvel! Sendo magrinho, caiu por entre a forra de madeira e a parede e desapareceu, foi engolido, escafedeu-se!! Para aí 1,10 m era a altura da forra... Ai! E agora gritei eu, com todo o restaurante a olhar para mim. No desespero comecei a tentar arrancar as tábuas  e a chamar toda a gente. Veio a senhora do restaurante a correr com uma tenaz na mão para pescarmos o telemóvel, não fosse eu destruir-lhe o restaurante, mas era curto de mais... Começámos a desmontar a forra, a arrancar pregos e tábuas, toda a gente ali em cima a assistir e a dizer, "mais fundo, mais ao lado, mais para cima, mais para o lado". Subi para cima de uma cadeira e enfiei o meu braço magricela até lá abaixo, nada. Com a forra já solta foi marido que mo salvou intacto e a tocar para melhor o podermos localizar. Todos bateram palmas e eu fiz Uhuuu!
Escusado será dizer que parte da parede ficou um pouco mal tratada, mas pelos vistos era hábito, achámos um pacote de Marlboro, um isqueiro e um pacote de lenços aí com uns cinco anos. 
Cuidado com as armadilhas dos restaurantes!

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Dizem

Que na comunicação entre as pessoas, as palavras apenas contam 7%. Verdade! Muitas não  conseguem entender o que se lhe diz.  Nem com palavras, nem com linguagem corporal, nem com o olhar... vou experimentar um desenho :)

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Sombras e reflexos

A minha sombra, aquela que nunca me larga, vá eu para onde for, a que me acompanha dia e noite anda de mal comigo e o meu reflexo, aquele que uns dias me mostra linda e maravilhosa e outros me mostra feia, debotada e rugosa, acabou de me trair. Pois foi.
Já tinha dado por ela ontem quando cheguei do cabeleireiro, mas era noite e á noite todos os gatos são pardos. Estava assim para o parda, mas não liguei.
Foi hoje, hoje que a coisa se deu e deu-se com grande tristeza. Ía eu a meio da manhã por aqueles corredores da empresa com a minha banana na mão, todos os dias como uma bananinha (coisas de atleta de alta competição (cof, cof) quando vi o meu reflexo  no vidro. Wow!! Queraquilo que até dei um salto para trás? Dali ao espelho do wc fui a correr. Confirma-se! Eu não era eu! Fui traida, enganada, estou mal fadada, em suma um pouco lixada. Eu, loira amadeixada vai para aí uns quinhentos anos, deu-me um vipe e, na tentativa de deixar a madeixa e com ela toda uma enorme tarde de construção de riscas perdida para o pedal, mandei pintar os meus três pêlos um tom acima do meu para não se notarem raizes e desta feita só ir ao cabeleireiro lá para o ano de 2030, altura pela qual a trança se vai enfiar nas rodas da bike e lá terei de a ir cortar. Qual tom acima!
Raios partam Gaja Maria, tu só tu, Gaja Maria, que ao fim de tantos anos de loirisses te "colocaste" mais escura que um chamiço. Estou desgraçada, perdida, sem identidade... Até eu me assusto quando me vejo.

Antes :))


Depois :((




segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Acho graça

Acho graça a quem coloca.
Colocam os filhos a dormir, colocam a sopa a fazer, colocam creme nas mãos, colocam o computador a trabalhar... colocam. Colocam tudo e mais alguma coisa. Quem usa e abusa do colocar é fino e tem berço, tem formação e educação, claro. Quem diz coloca nota-se à distância porque quem põe e mete e apresenta coisas é do povo e até parece que não tem estudos.

Coloquemos então:

- "Coloca a mão na mão do meu senhor, da Galileiaaaa"
- "Coloca a mão na cabecinha agora na cinturinha"
- A galinha colocou um ovo
- Não coloques a colher onde não és chamada
- Coloca mas é o Ronaldo a  jogar pá
- Amor, coloca a tua mão na minha e vamos ver o colocar do sol
- Estás cansada? Coloca férias!
- Cuidado, não coloques o pé na argola
- .....

Empresto

Zé para aquecer pizzas



domingo, 8 de novembro de 2015

Baralhação

Não fosse esta imagem captada praticamente a meio da tarde e não fosse pleno mês de novembro, poderia dizer que esteve uma tarde fantástica de verão na serra. Vinte e seis graus baixando para vinte e dois à hora da foto, seis da tarde. A pedalada estava tão espetacular que nem dei pelo tempo a passar. Quando de repente se fez noite até fiquei baralhada, tomando então consciência da época do ano.
Quem andava também baralhada era a comunidade mosquiteira, eram às centenas a esvoaçar à nossa volta, tontos com o calor. Uma gaja não podia sequer abrir o bico para respirar e era sentir os mosquitos a entrar na boca a cem á hora. Vinham tão depressa que até batiam de cabeça no gorgomilo. Blhac. São azedos como tudo, mas dizem que o que não mata engorda por isso pode ser que seja desta que se me encham as peles das pernas de alicate. Às tantas já não se via bem e tirei os óculos, caramba, surgiam do nada e até picavam. Quando cheguei a casa e me vi ao espelho ainda trazia um mosquito nos dentes e vários no canto do olho. 
Uma tarde fantástica que aproveitámos ao máximo pois talvez não se vá repetir tão depressa uma vez que vem aí o inverno, ou não, vá se lá entender o S. Pedro que anda a tomar uns comprimidos esquisitos. Só pode :)




quinta-feira, 5 de novembro de 2015

o "Jaque"

Tenho de vos falar do Jaque

Je suis Jaque
Tu es Jaque
il est Jaque
Todos somos Jaque

O Jaque é quele ou aquela que nem sempre estando disponível, é-lhe muitas vezes solicitado que efetue tarefas. Tarefas essas, que uns não querem fazer e que o Jaque coitado, acaba por tomar conta do recado ainda que contrariado. O Jaques aparece e pumba, é sempre necessário para qualquer coisa. O Jaque por vezes até refila, resmunga entre dentes, manda-nos à fava mentalmente, mas acaba sempre por fazer o que lhe é solicitado pois sempre é apanhado desprevinido.
O Jaque é um querido e qualquer um pode ser Jaque.

Jaquestás aí, passa-me o pão
Jaque vais à rua, leva o lixo
Jaque vens mais tarde trás jantar
Jaque vais às compras traz-me bolachas que depois dou-te o dinheiro
Jaquestás na fotocopiadora traz-me as minhas cópias
Jaque vais á cozinha, traz-me água
Jaque.... isto
Jaque... aquilo

Qualquer semelhança de "Jaque" com um pau para toda a obra é pura coincidência.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Os anjinhos

Os que fazemos nascer e crescer com tanta felicidade e tanta esperança. Os anjinhos que embalamos até que os braços nos doam, aqueles para quem cantamos sem cessar até que a voz se vá. Os anjinhos que adoramos e por quem temos um amor infinito, muito maior que o firmamento, muito mais forte que todos os ventos, muito mais brilhante que a estrela maior. Os anjinhos por quem choramos, por quem sorrimos e por quem vivemos ou até, muitas vezes, deixamos de viver.
Certo que há pais e pais e há filhos e filhos. Certo que alguns pais não sejam merecedores de ter filhos, certo que alguns pais não saibam educar, amar, ensinar. Certo que alguns pais sejam maus pais... Mas também há alguns filhos...
E ouvir filhos, os outrora anjinhos, falarem, gesticularem, gritarem, ofenderem, magoarem, desiludirem, espezinharem e humilharem seus pais, é coisa para doer a qualquer mãe e a qualquer pai.
Já vi e ouvi inúmeros filhos a queixarem-se dos pais, mas raramente ouvi, apesar de tudo, pais a queixarem-se dos filhos, no entanto pergunto-me, quanto tempo aguentará esse tal amor incondicional?

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Eu ja venho

Sou moça de aquário cujas palavras chave dizem ser excentricidade, criatividade, liberdade.  Dizem tambem que sou altruista, anárquica ,  progressista, solidaria. Um doce de moça portanto.
Calhou-me no entanto estar rodeada de escorpiões. ..
Sim, esses, os emotivos, decididos,  poderosos e apaixonados. Mas também  ciumentos, compulsivos e obsessivos, ressentidos e teimosos.
Ando aqui então numa roda viva a dividir-me em comemorações. Todos os anos tenho um inicio de Novembro atribulado sempre por bons motivos pois comemorar aniversarios é bom por muitas e variadas razões.  Eu já  venho ok?

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Ambiente de trabalho

Há ambientes de trabalho agradáveis, acolhedores, tranquilos. Há ambientes atribulados, assustadores, deprimentes. Nuns gostaríamos de guardar todos os ícones com carinho, noutros, era mandar tudo para a reciclagem. Também há os que têm uma mescla de tudo.

E há o meu...


No trabalho


Em casa


No telemóvel




quinta-feira, 29 de outubro de 2015

:))) !! ?? ... ,,, :D:D:D

Devem achar que sou uma chata, que só escrevo coisas chatas e sem jeito e que a julgar pela quantidade de :) e :))) e :D:D:D que escrevo nos posts e nos comentários, não devo ter nada mais que me venha à ideia. Há pessoas que criticam este tipo de coisas, assim como criticam quem usa muitas,, e !! e ?? Aliás, há pessoas que criticam tudo e mais alguma coisa. São, claro, supra sumos da escrita. Pois são. Mas não, à semelhança de que sorrio sempre quando falo, e quando não sorrio toda a gente nota logo, esta é uma forma de eu sorrir ao escrever. Aliás, muitas vezes, um sorriso vale mais que mil palavras. Dizem que as palavras leva-as o vento, já um sorriso, quando é genuíno, mostra os nosso sentimento e o apreço que temos pelas pessoas e pelas coisas que dizem e escrevem. 
Até amanhã :)

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

O problema

Não, o problema não são os cinco cabelos brancos, não são as pálpebras descaídas, não é o duplo queixo nem as mamas que já não olham para o céu. O problema não é já não ter cintura de vespa, o cu de pato ou as coxas magricelas. O problema não é uma gaja começar a esquecer-se onde mete certas merdas nem o facto de ter de se levantar a meio da noite para fazer xixi. O problema não é a profissão estagnada, não é ter os filhos fora de casa a voar sozinhos, os pais já velhinhos,  a chuva ou o frio. O problema não é ter dias maus de vez em quando, não são as dúvidas existenciais, nem sequer nunca ganhar um prémio no euromilhões para poder desopilar. O problema não é estar com um humor de cão nem achar que o mundo está virado do avesso, que as pessoas estão cada vez mais malucas e que ninguém me compreende. Não, o problema é este cab@ão deste furúnculo na perna do tamanho de uma abóbora menina que me dói com'ó caraças. Isso e este filha-da-mãe deste torcicolo no pescoço que mal me deixa virar a cabeça. Ai que estou tão precisada de uma massagem...

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Super Lua

Hoje acordei com um peso no corpo, uma angústia no coração e uma melancolia na alma. Não lhe dei grande importância, certa de que passaria, atribui-lhe mau feitio, mal dispostice, sei lá. Não respondendo  a minha alma e o meu coração apertado não sabendo eu porquê à minha vontade de os contrariar, instalou-se-me uma tristeza, uma insatisfação, uma grande incerteza. Só estou bem onde não estou. Deve ser a influência da última Super Lua do ano, que ainda consegui vislumbrar hoje  por entre as nuvens mas que logo ficou encoberta. É o fascínio da Lua.


segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Qual halloween qual quê!

Está prestes a fazer vinte e dois anos que aconteceu uma das mais assustadoras épocas de halloween do último século. 
Foi por altura do "Pão por Deus", chamava-se assim na altura, agora é que é só modernices, que eu pari um ratito no meio de uma grande aventura. Um ratito porque apesar de eu ter enfardado um quilo de merendeiras quentes acabadas de fazer, tal não foi suficiente para o fazer engordar e crescer, mas talvez tenha sido demais para o fazer nascer no dia um de novembro, um mês antes do tempo, minorca, com apenas dois quilos e tão aflito coitadinho de meu MaisVelho. 
Foi das melhores histórias de partos dos últimos tempos, pois nesse tal dia, deram-me para o jantar uma bela de uma sopa de feijão no hospital. Não, nem queiram saber do bonito efeito que aquilo causou, mas estando a sala de partos cheia de gente pois era a mudança de turno, aquilo estava à pinha e não imaginam a confusão. E eu ali de perna aberta e o marido prestes a desmaiar, que já não sabiam a quem acudir, se à criança aflita para nascer, se à parturiente a aperceber-se da situação, se ao pai, todos prestes a finarem-se. Eram tantos que depressa se dividiram nas tarefas e o rapaz lá acabou por nascer às 23:58 do feriado o que valeu uma grande salva de palmas de toda aquela assistência, com o barulho ainda vieram mais e o pediatra ocupou-se dele, o pai, lá o sentaram numa cadeira e eu lá ouvi finalmente o puto chorar o que me deixou mais descansada. No fim disto tudo e passadas umas horas apagou-se-me a luz, bati com a cabeça e levei três pontos. Nunca antes visto, ir parir e levar pontos na cabeça. No final das contas tudo acabou bem e ratito, pai e mãe ficaram felizes e contentes. Qual halloween qual quê.

domingo, 25 de outubro de 2015

Isto de Fazer marmelada é perigosíssimo

Sou uma devoradora de marmelada. 
Todos os dias como ao lanche uma peça de fruta e duas ou três tostas com marmelada, porque é mais um pouco de fruta, porque é doce e porque é uma enorme fonte de energia para os desportistas de alta competição como é o meu caso. Cof, Cof! Ok, sou gulosa, nada a fazer. 
Posto isto todos os anos me aventuro nesta difícil e perigosíssima arte que é fazer a minha própria marmelada. Sei que querem esta receita super secreta e por isso vou partilhá-la convosco.

Marmelos + açúcar louro + pau de canela + casca de limão + um pouco de água  + 2 pitadas do ingrediente secreto, a conice.
Tirar os caroços aos marmelos e cortá-los aos pedacinhos, cuidado com as facas que aquilo é rijo p'ra caraças (este ano correu bem, vá lá) e colocar tudo no tacho deixando cozer durante uma hora com a exceção do ingrediente secreto. Após essa hora, tempo durante o qual vocês começam a babar pois a vossa casa fica  com um cheirinho praticamente igual ao do paraíso, pegam na varinha mágica, trituram tudo e deixam mais um pouco ao lume para apurar.
Eis que chegou o momento da primeira pitada de conice, retirei a tampa para espreitar se minha marmelada estava já no ponto certo, salta uma bolha fervente e um pingo vai direitinho à minha cara, segunda pitada de conice, esfreguei!
A marmelada estava pronta mas eu fiquei com uma queimadura na cara do tamanho de uma moeda de dois euros. Bom não é? Agora que já passaram dois dias já só tem o tamanho de uma moeda de um euro, mas dói que se farta.
Gente, nunca façam marmelada com este ingrediente secreto, vão à loja e comprem já pronta em caixinhas.
Voilà:

sábado, 24 de outubro de 2015

Malucos

Hoje não vimos coelhos nem corujas nem comunidades ciganas, muito menos atropelamentos. 
Hoje não vimos o sol a pôr-se, não se via a lua, nem as estrelas porque o céu estava coberto de nuvens, mas hoje, estas quatro alminhas de Deus foram às nove da noite subir e descer pedra para a Serra d'Aire e Candeeiros  com uns meros luzecus nos volantes das bikes para nos iluminar os trilhos. A paz e a quietude daquele lugar é indescritível. As nossas gargalhadas ecoaram no meio do nada e as luzes das cidades lá em baixo parecIAm mágicas. Como o mundo é lindo pela noite. Andei quase três horas com um sorriso de orelha a orelha, mas de boca fechada, claro, não fosse saltar uma pedra e partir-me a cremalheira. Se pedalar durante o dia é bom, à noite é ainda melhor e só não tive vários orgasmos cósmicos porque tinha de ir muito atenta às pedras e do cosmos nem vê-lo. Se é perigoso andar na pedra à noite? é um pouco que eu sei porque já lá andei muitas vezes de dia, mas na verdade, à noite parece tudo bem mais fácil pois não se vê um telho. E panca, muita panca nestas cabeçorras.
Bom, já comi o nestum com mel, vou descansar as perninhas. Bom fim de semana.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Lusco fusco

Abro a porta de casa e tudo o que enxergo são silhuetas. 
O contorno do gato à janela, sombras das migalhas na banca da cozinha, a sombra de um camião a passar na rua, a casa quase às escuras. Da janela vejo o céu tingido de laranja, é o sol a pôr-se lá ao fundo no mar que não consigo ver daqui.
É nesta altura do ano que esta luz difusa entra por nossas casas adentro ao fim de mais um dia. Tudo fica sombrio, escuro e nós teimamos que ainda não é hora de acender as luzes, no entanto já quase não se vê e na próxima semana já vai ser mesmo noite a meio da tarde. Detesto o horário de inverno.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

À noite

Tinha tudo para ser mais uma pedalada nocturna espectacular. 
O céu laranja fogo com o sol incandescente a esconder-se por entre os pinheiros, o céu ficou entretanto pintalgado de pequenos pontos brilhantes, a lua iluminava-nos o caminho e uma leve brisa amena acariciava-nos a pele a descoberto. Duas corujas, pousadas à procura de ratos para comer levantaram voo à nossa passagem e sobrevoaram as nossas cabeças, tão bonitas. Vários coelhos correram à frente das nossas luzes, passámos por uma comunidade cigana que fazia fogueiras para cozinhar o jantar, vários cães nos perseguiram, atrapalhámos um jovem casal que namorava num canto escuro, os paus e as folhas rangiam à nossa passagem. De repente oiço: "Olha, um porco da índia!" Quando ouvi a palavra porco, comecei à procura de um animal grande a fugir à nossa frente, mas não, a única coisa que encontrei foi uma pequena bola de pêlo branca. "Mas isto é um hamster!" Mas o que andava o pobre do animal a fazer no meio do pinhal? Ou fugiu ou tinha sido ali abandonado. Ainda tentámos agarrá-lo mas o pobre do bicho assustou-se e fugiu. A bicharada que vimos hoje, o céu,as estrelas, o cheiro a noite e a verde. Tinha tudo para ser uma pedalada nocturna fantástica não fosse ter começado a ver uma miúda a ser atropelada numa passadeira, mesmo atrás de nós, era ainda dia. Quando ouvi a travagem, olhei e ainda vi a miúda no ar, fiquei doente! Tantos animais à solta...

Vem aí o Jaquina

É quando entro com o carro na garagem, feita à larga para dois, que ainda lá cabem, mas muito à justa, que verifico que a minha outrora grande e espaçosa garagem, encolheu.  Não sei bem quando foi isso, nem quando lhe fui atribuindo novas funções que foi acumulando sem se queixar ao longo dos anos, mas se é certo que tem o propósito de arrumar e guardar carros, acumula muitos outros propósitos. E se de tempos a tempos sofre um esvaziamento, também é certo que poucas semanas demora a ficar cheia de novo.
Pois minha garagem é guardadora de coisas e possuidora de multifunções.
Se acolhe carros, bicicletas e skates, minha garagem também acolhe uma verdadeira lavandaria, um dispensador de produtos congelados, um guardador de ténis de filhos, uma garrafeira, um ecoponto, uma oficina para bicicletas, possui uma secção de ração animal, um armazém de materiais de limpeza, uma sala de troféus e um armazém de velharias. Minha garagem é também um armazém intermédio. Entenda-se por armazém intermédio, aquele sítio onde deixamos quase tudo que ainda não vai para o lixo ou para doar, mas que depois acaba por ir. No fundo, minha garagem parece muitas vezes uma mega store do chinês onde há milhares de merdas e de tudo um pouco.
Chegou pois aquele momento enervante em que depois de estacionar o carro mal consigo abrir as portas... Temo ter chegado o momento  de acontecer por ali mais um furacão...

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Então, vocês também pedem biscoitos?

Foi segunda feira todo o santo dia, embora lá mais para a tarde começasse a parecer-me que afinal já era terça, como aliás me acontece todas as semanas. Custa a arrancar, mas depois lá entro em modo cruise control e depois é sempre a rolar. Muitas vezes travo, noutras acelero e lá se vai o cc, mas no fundo isso até dá pica e emoção à semana. Sendo então segunda feira, e como há muitas semanas a esta parte, começo logo com uma reunião de trabalho que normalmente dura toda a manhã. Aí pelas doze horas começa a dar-me a paradinha e a falta de concentração. Hoje, num desses momentos em que o meu pensamento vagueia, embora contrariado por mim, mas sempre armando-se em teimoso, que me passou aqui uma lembrança a correr "Ó mãe, não pedes um biscoito?"
Pois foi numa tarde já longínqua, eram os meus filhos ainda pequenos, em que fui com eles às compras. Escolhemos algumas coisas, experimentaram e dirijo-me à caixa. Na parte em que saquei do cartão e o entreguei para efetuar o pagamento, sai-se um dos pirralhos, que mal tinha altura para chegar ao balcão a dizer: 
"Ó mãe, mas tu não pedes um biscoito? Vais pagar sem pedires um biscoito?"
"Mas porque haveria eu de pedir um biscoito à senhora, filho" E porque alguém, numa loja de roupa, haveria de ter biscoitos para dar aos clientes?" perguntei-lhe a piscar o olho à vendedora em jeito de pedido de desculpas.
"Então, eu quando vou com a tia e ela vai pagar pede sempre um biscoito"
Ummm! Pensei, aquela não bate bem da bola com certeza. Paguei e viemos embora. Pensei nisso durante dias, não conseguindo compreender a lógica da coisa.
Foi então, numa segunda feira cinzenta p'ra caraças, muitos dias mais tarde, que se me fez luz e me ocorreu a solução para tal cluedo.
Biscoito = desconto!

domingo, 18 de outubro de 2015

Chuva



"Chuva, caindo tão mansa,
Em branda serenidade.
Hoje minh'alma descansa.
Que perfeita intimidade!..."

Francisco Bugalho, "Paisagem"



Temporal? Este fim de semana esteve temporal???
Até às dez da manhã de sábado até não e ainda deu para conseguir pendurar-me no marco geodésico para a fotografia, sempre que vejo um não resisto a juntá-lo à minha coleção. O pior foi depois, quando no meio do monte o céu começou a ficar negro e o vento começou a soprar que nem um doido e os pingos não tardaram, cada vez mais grossos e com maior intensidade. Choveu o resto do dia.
Adoro o cheiro da chuva a molhar a terra, adoro a calmaria, adoro o barulho dos pingos a cair nas folhas...
Sim, não nos abrigámos e fomos a levar com eles no lombo até casa. Sim, estávamos um pouco longe, sim, foi mais um banho para enrijar o esqueleto. Sabiam que a água da chuva faz muito bem à pele?



quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Laços

Ao contrário de todos os outros dias em que saio do trabalho a correr para ir fazer alguma coisa ou muitas coisas, hoje saí nas calmas, devagarinho, a apreciar as pessoas, as casas, as ruas, que das outras vezes quase nem vejo. Não ia ao ginásio e pedalar já pedalei ontem à noite, o meu único propósito era mimar MaiNovo com um jantar a gosto dele, que chegava hoje de fim de semana. Sei que se trata bem, pois os jantares e as churrascadas de curso não param, mas a comida de casa é a comida de casa e apesar de não ser grande cozinheira, sei que a comida de casa tem para a maioria dos filhos algum valor. 
Passei em frente da casa de minha Mãe e olhei a palmeira. Achei-a tristonha, de folhas caídas, amareladas, parei o carro e observei, doente! Uma palmeira que me viu crescer, a mim e a todas as crianças da família, hoje já homens e mulheres, todos temos fotografias em criança debaixo daquela palmeira, o ex-libris do jardim, a imponência, o pilar do crescimento de todos.  Fui questionar mãe, que no fim de contas já sabia do diagnóstico, as larvas de escaravelho que têm infestado muitas das palmeiras do nosso país, chegou à nossa palmeira e a muitas das palmeiras da vizinhança. O jardineiro diz que pode ser tratada mas não garante sucesso, por isso está decidido que vai ser cortada e arrancada do jardim...
É só uma palmeira, eu sei. Mas eu, que tenho a mania que sou dura, fria e forte fiquei triste e também sei que no dia que a nossa palmeira for cortada e arrancada do lugar onde me habituei a vê-la, vou olhar o lugar todas as vezes e pensar que me cortaram mais um laço. Pouco a pouco estou a perder os meus laços...

Regras e leis

Leis e mais leis. Regras e mais regras. Regras de conduta, regras do jogo, regras no trabalho, em casa, no trânsito, na amizade, no casamento, no estacionamento, na escrita, no facebook, nos blogs. ...
Caramba tanta lei, tanta regra. Eu sei que tem de se ordenar o rebanho pois há  ovelhas muito teimosas, mal formadas, maléficas, promíscuas e tudo o mais, mas onde é que fica a liberdade, a espontaneidade, a ponta de loucura que todos temos dentro de nós? Onde fica o ser diferente, o ter ideias e atitudes diferentes das do rebanho?
Ah! Eu sei, na prisão,  na exclusão, na marginalização....
Ou pertencemos a um rebanho ou então. ..

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Há muito tempo

Naqueles tempos todos os filhos tinham o dever e a obrigação de ajudar os pais e dos nove irmãos, todos tinham trabalhos  e tarefas distribuídas. Apesar da família não ser abastada, também não  era das que passava  fome, viviam numa casa grande e sempre havia uma parte da galinha ou uma ou duas sardinhas para cada um, no entanto, após  a instrução primária não haveria futuro nessa área e os que gostariam de continuar  a estudar não  teriam essa oportunidade pois descriminação era coisa que aquela família nunca faria. Todos trabalhariam por igual para ajudar na casa até  que dela saíssem.

Duas das filhas eram empalhadeiras, outra costureira, uma governanta, uma foi para Lisboa para ser cabeleireira, seu sonho de menina, os rapazes trabalhavam nas fábricas de vidro e a Maria  Augusta, a mais nova,  a única que queria continuar os estudos mas não pôde,  coube-lhe o negócio de fazer  broas e vendê-las pelas terras vizinhas. 
Zézito, o vizinho de nove anos conduzia o burro com o seirão carregado de broas e ela, já  espigadota, fazia o negócio, vendendo as broas cozidas a cada madrugada. Sempre de sorriso  na cara, sempre com uma graçola na ponta da língua.  As freguesas adoravam-na e ela vendia todas as broas. Nunca por um momento que fosse Maria Augusta se queixava da sua sorte e de não  poder estudar e de ter de andar a chuva e ao sol a vender broas  e depois chegar a casa e ainda ajudar na lida de uma casa de onze. Se não podia estudar, ajudaria então a família, guardando sempre alguns tostões para si. Talvez para um dia. Estava certa que um dia abriria o seu restaurante e todos iriam lá  voltar muitas e muitas vezes pelos seus cozinhados e pela sua simpatia. ..Um dia haveria de ser independente.

Só  que a vida  nem sempre  acontece como planeada e quis o destino e os pais que se casasse cedo e tivesse filhos, cuidasse da casa, aprendesse a bordar e a costurar, mas nunca, nunca tivesse um restaurante,  nunca voltasse a estudar e nunca tivesse uma profissão  além  da de Dona de Casa.
Não  foi  por isso no entanto que Maria Augusta quis mal à vida ou  ao mundo  ou aos pais ou marido. Conformou-se,  resignou-se e viveu a vida o melhor que pôde. A sua alegria e felicidade transpareciam todos os dias e eram contagiantes. 
Era assim há  muito tempo....

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Pedaços de história

Chovia copiosamente lá fora, grossos pingos escorriam pelas janelas toldando a paisagem que avistava dali. As braças daquela pequena planta oriunda do Brasil que outrora esteve à morte dentro de casa e  foi plantada no jardim fizera-se uma árvore enorme, batiam nas telhas da garagem. Sentia o vento soprar com quanta força tinha, como que a varrer o mundo de todos os males.
O passeio de bicicleta até à serra ficaria adiado...
Dirigiu-se ao maior roupeiro da casa onde estavam guardadas as roupas do passado. Seria então nesse dia, com tempo, que se iria desfazer delas. 
Começou a abrir as portas e a espalhar tudo pela cama. Calças à boca de sino, bermudas, calças à meia canela, saias de verão, fatos completos de uma profissão de outrora, blazers de todas as cores, calças de riscas, camisas aos quadrados, montanhas de calças pretas, vestidos de cerimónia, dois fatos de baptizado de rapaz, dois fatos de meninos das alianças, um vestido de noiva, "O" vestido de noiva.... Algumas daquelas peças com mais de vinte cinco anos, algumas dois números acima do que usava agora, outras tão justas que dificilmente caberia nelas. Casacos curtos, casacos compridos, cada peça usada em ocasiões de que se lembrava como se fosse naquele dia, peças com história, peças com sentimentos que a arrepiavam a cada toque. Pirâmides de tecidos e texturas com cheiro a bafio e repletas de vincos. Rugas de uma vida.
Mas como desfazer-se delas, como destralhar assim uma vida, como separar-se  da sua história? Sabia-se fria e desapegada,  mas aqueles não eram apenas bens materiais, eram momentos, eram uma pessoa, eram a sua pessoa, o seu passado. Não!
Empilhou as peças por tipo, cuidadosamente dobradas, e colocou-as de volta nas prateleiras, desta vez nas portas de cima do roupeiro, um pouco mais fora do seu alcance. Pelo menos por agora iriam repousar mais uns anos para que de tempos a tempos pudesse olhar para elas e recordar pedaços de vida, pedaços de passado. 
Julgava-se mais dura...
E que a chuva não volte nos próximos fins de semana.

domingo, 11 de outubro de 2015

Sinto-me um gato...


Tal qual o meu Zé!
Já mudei de posição várias vezes, enrosquei, desenrosquei, estiquei-me no sofá, coloquei os óculos, tirei os óculos, já li algumas páginas de um livro, já vi um filme, já li blogs, já cusquei o facebook... 
Afinal as tardes até são enormes.
Apesar da chuva lá fora, seca, isto é uma grandessíssima seca, uma neura tamanha passar assim de uma não parança para uma parança total devido ao mau tempo. É que isto requer habituação e pensando bem nem é um gato o que eu me sinto, é mais um leão  do jardim zoológico, aqueles que estão enjaulados, portanto.
Já bocejei umas quinhentas vezes, já alonguei o costado, as pernas, quase lambi os bigodes com a taça de arroz doce que fiz ao almoço e estou aqui a pensar seriamente ir fazer um lanche, estou a lembrar-me que ainda tenho queijo dos Açores, farinheira, alheira, chouriço e vinho tinto, só coisas boas, não?
Eu já venho!

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Voltou! Finalmente.

Chegou ontem, dentro de uma caixa, apertada, num contentor. Vinha tristonha, com alguns arranhões no cromado e o conta kms avariado. Ela olhou para mim, eu olhei para ela... que saudades.
Hoje fomos passear juntas e é verdade, o outono chegou, as praias estavam no mesmo sítio, calmas e serenas, vazias de gente. O mar estava quase parado, lindo como sempre e o por do sol, mágico, fantástico. 
Chegámos já era noite e já fazia frio, mas a brisa fresca fez maravilhas. Alma lavada, pensamentos no lugar, saudades repostas. Siga! 






quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Os amigos e os outros

Muitas pessoas passam pelas nossas vidas.
Algumas vão ficando, vão-se aproximando, nós vamos deixando, vão rindo connosco, partilhando momentos, momentos bons, momentos maus, sentimentos, emoções, risos e lágrimas. Recebem mas também dão, ouvem-nos, falam-nos, estão sempre presentes nos momentos em que precisamos. Não só  nos aceitam como somos sem questionar como também nos chamam à razão quando necessário é. Contamos com eles e eles contam connosco. Esses são os amigos do peito, os que estão próximos de nós porque os escolhemos e nos escolheram a nós, alguns, durante uma vida inteira até. Tenho a felicidade de ter alguns assim. 
Depois há os conhecidos, os que aparecem nas nossas vidas em certas circunstâncias, que vemos de tempos a tempos, de uns gostamos mais e até consideramos amigos, porque criamos empatia com eles, porque são bem dispostos, porque nem os conhecemos bem mas também nunca nada houve para que nos afastemos deles, uns vêm e vão, outros vêm e voltam a vir.
E depois há os colegas, colegas de escola, de profissão ou de equipa que de uma forma ou de outra nos são impostos. Normalmente somos obrigados a viver parte dos nossos dias com estas pessoas, algumas até ficam nossas amigas, ou pelo menos aparentemente e durante o tempo em que lhes servimos de alguma coisa, mas a maioria não passam de colegas que nos viram as costas e nos prejudicam à mínima contrariedade. Nesta minha vida já vi de tudo. Gente justa, gente com valores, gente que sabe ser líder, gente que entende as hierarquias, gente que sabe trabalhar em equipa. Mas também já vi muita injustiça, muitos traidores, muita liderança por imposição, muito bullying a colegas e subordinados, complots, lutas pelo poder, gente muito mal formada, gente muito má, gente que é capaz de tudo. Uma atitude gera outra ainda pior e é uma bola de neve. É de arrepiar.  Feliz ou infelizmente, nas nossas vidas temos de lidar com todo o tipo de gente e sobreviver. Não é fácil, é aliás muito difícil, especialmente porque passamos mais tempo com colegas do que com as nossas pessoas, mas já que se passa tanto tempo juntos, porque não, pelo menos, respeitarem-se uns aos outros? 
Estou cansada, muito cansada de ver e ouvir gente a degladiar-se. Pude-se eu e agarrava na minha bike e fugia daqui...


terça-feira, 6 de outubro de 2015

Cortar o mal pela raiz

Então já digeriram isso dos votos e dos resultados e da nossa vida para os próximos anos? Óptimo!
Eu cá cortei o mal pela raiz. Não que não tenha votado, que votei, não que não tenha seguido atentamente os resultados e os comentários e tudo e tudo, que segui, analisei, escamoteei. Tudo. Estou deveras impressionada com os portugueses e ainda mais fiquei, especialmente quando cheguei ontem ao refeitório da empresa e estava tudo de cor de laranja. Era apenas a farda da empresa afinal, mas uma grande sala pintalgada de laranja. Não sei....
Mas dizia eu que cortei, tudo, mas mesmo tudo. Lembram-se da minha buganvília linda e maravilhosa da qual não me cansava de falar e fotografar e lamentar dos milhares de folhas e flores que tinha de varrer e dos telhados a vergar com o peso e do churrasco que não podia acender com medo de um incêndio? Pois é, a marido e a mim deu-nos a vontade da poda e antes que viesse o outono e o inverno, a queda da folha portanto, munimo-nos de escafandros, que aquilo tem mais espinhos que um ouriço enervado, luvas, tesouras de podar, carro de mão, ancinhos, pás e vassouras e toca a cortar. Primeiro a medo, uma braça aqui, outra ali...


Depois entusiasmamo-nos com a ideia de não ter de varrer folhas durante todo o outono e todo o inverno e pimba. Após seis horas, todos picados e arranhados, cortámos, acarretámos braças enormes e varremos milhares de folhas e flores. Deixámos a coitadinha da árvore assim...
Ai que estou tão triste. É que estou mesmo, só me apetece chorar, eu que nunca choro. Uma árvore com quase 25 anos...


Era assim...



segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A arte de fazer malas

Fazer malas para viajar é coisa para ser uma verdadeira arte.  
Quantas e quantas vezes metemos lá dentro tantas coisas inúteis que nunca na vida utilizamos mas que achamos que nos vão ser absolutamente necessárias e vamos a ver vêm intactas de volta a casa. Quantas e quantas vezes só não levamos mesmo é aquilo que nos faz falta.
Quantas e quantas vezes acabamos por nos esquecer da coisa mais essencial como a escova de dentes, o pente ou o carregador do telemóvel...
Eu, fui para os Açores sem biquiki! Vejam bem que desgraça a minha...
Viajando num voo low cost, paguei apenas uma bagagem com 15 kgs para dois. Um par de calças vestido assim como umas sapatilhas e um casaco na mão para os dias todos, 2 kg de cuecas, meias, t-shirts, pijama e artigos de higiene para dois e 13 kgs de cenas para andar de bike. Não era para isso que eu ia?
Pois é, acontece que no fim da segunda etapa, o pessoal resolveu que queria ir relaxar as pernas moídas e cansadas e retemperar forças para a etapa do dia seguinte nas águas quentes e ferrosas da Poça da Dona Beija, sim, a tal, a poça da juventude, a ver se no dia seguinte estavam novos...
Imaginem a minha figura.... 
Boxers do marido com letras na frente a dizer Indícios....
Bandana de usar por baixo de capacete a servir de top..
Bronzeado à ciclista...
Sapatilhas à falta de chinelos que deixava à beirinha das poças...
Aí vai ela banhar-se na Poça da Dona Beija cheia de gente. E ela, eu, toda ralada... 
Estava tão gira, que tenho a certeza que nos próximos dias irá haver uma corrida do mulherio a tudo quanto é loja à procura de boxers a dizer Indícios...
Eu? Gostei tanto que no dia seguinte voltei ao meu outfit de banho na poça, desta vez na Caldeira Velha.
Tão mas tão bom.
Fait attention ã? Gaja Maria, fazer malas não é para qualquer um.