quinta-feira, 30 de abril de 2015

Filhos de um Deus menor

"Todas as crianças até aos 11 ou 12 anos têm direito a andar grátis no carrossel quando estão de férias"

Pedro Strecht

Têm, pois têm. Acho eu e acham muitos de vós. Mas há outros que acham que as podem molestar, violar, engravidar, vender, prostituir, destruir-lhes a infância, a alegria, a vida....

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Cá em casa é assim

Portam-se mal já sabem, meia hora de castigo virados para a parede...


Mãe normal!

Não sei se os mande embalsamar ou se simplesmente lhes desligue o botão do som.
Esta coisa de ter de pensar às 8 horas da manhã o que vou fazer para o jantar às 9 horas da noite, anda a dar-me cabo da mioleira. Temo que a loucura se apodere da minha pessoa entretanto, no que às refeições para filhos resmungões diz respeito.
Muitas manhãs tenho tido ultimamente em que se me desvanece a parte do jantar e não deixo nada a descongelar. Ora, enquanto me dirijo feliz e contente em direção ao ginásio  para o momento "meu" do dia, é quando me vem à ideia o raio do jantar. Depressa ligo à minha churrasqueira predileta para encomendar um repasto à maneira, que depois  da loucura dos saltos, flexões e abdominais, vem mesmo a calhar pois é só levar para casa e jantar descansadinha. 
Ora, eu que tento fazer os meus filhos felizes todos os dias, tenho aprimorado a escolha, ou tentado vá. São barrigas de leitão, ou entremeada de vitela, ou espetadas de peru, plumas de porco preto...
E não é que sempre que isto acontece tenho reclamações? Acreditam que filhos fizeram uma manif a reivindicar uma mãe normal, um jantar normal, assim como as outras famílias que são normais? 
Eles querem FRANGO! Apenas e só um simples e normalíssimo frango...

terça-feira, 28 de abril de 2015

Vá roam-se de inveja



Tudo a seu tempo

Quando dei por mim estávamos a falar de doenças, exames, ecografias e cirurgias.
É certo que o tempo não pára e as pessoas são seres em constante movimento e evolução. Naturalmente os interesses vão-se alterando à medida que nós vamos, não digo envelhecendo, digo antes avançando no tempo. Se outrora, quando nos encontrávamos, falávamos da escola e de namorados, depois de maridos e carreiras profissionais e depois de filhos e sogras, hoje falamos de divórcios, doenças e mortes, além de outras coisas, claro. Por mais que se queira contrariar esta tendência, as alterações são por demais evidentes, especialmente quando os filhos já são suficientemente crescidos para fumar e beber ao lado dos pais, já trazem as namoradas pela mão e já estão longe a estudar para preparar o seu futuro e a fazer-se à vida. 
Até aqui tem sido difícil admitir tudo isto, mas já não tenho como...
Sim, eu e as minhas amigas, já falamos de doenças...

domingo, 26 de abril de 2015

Afirmação?

Ela olhava-as extasiada num dos intervalos da manhã no pátio da escola, enquanto comia o pão com fiambre cuidadosamente embrulhado pela mãe. Chegavam cheias de si próprias, cheias de certezas, cheias de auto-confiança e atitude. Puxavam do maço tiravam um cigarro e passavam o isqueiro de mão em mão acendendo-os. De braço ao alto, cigarros em riste cheias de estilo, faziam bolas com o fumo e riam de tudo e de nada. Sem medos, sem culpas, como se o mundo fosse delas.
A ela tinham-lhe incutido que era errado, que era feio, prejudicial à saúde e que nunca deveria sequer passar-lhe pela cabeça experimentar tal coisa, pois tornar-se-ia um vicio que nunca mais conseguiria largar. Ganhou medo. Tinha sempre medo. Tinha um intimo rebelde, mas tinha sempre medo...
Não gostaria nunca de desiludir quem lhe incutira tais princípios, no entanto, a cada dia que passava, elas não lhe saiam da cabeça. Gostava de ser assim, de ter atitude, confiança, de não ter medo....

Soube-me a pouco

À hora marcada para a pedalada estava a chuviscar e começaram a chegar mensagens do pessoal a negar-se mas eu, como sou teimosa e já estava equipada, arranquei. Fraquitos pá!
Bom, a chuva parou e não apanhei nem um pingo, já o vento, bom, o vento era como se todas as forças ocultas se tivessem juntado para me atacar. Ocultas porque o vento nem sempre vinha de frente, de quando em vez era com cada lufada lateral que se eu estivesse desatenta era coisa para me derrubar. Duas horas chegaram para me fazer querer voltar para casa, não sem antes dar bastante luta, mas tive de render-me já que as forças ocultas frontais e laterais estavam a querer vencer-me pelo cansaço pernal. Sozinha não me atrevo por percursos sinuosos e desconhecidos e na estrada é sempre mais descampado e o vento muito mais forte.
E agora estou para aqui com um gosto a pouco na boca....
Esperem!!
Será que depois disto ainda me vai saber a pouco?


sábado, 25 de abril de 2015

Gulosas à recepção aqui da Gaja


Suspiros
Morangos cortados
Natas batidas com uma colher de açúcar
Tudo às camadas

Ein?
Nada melhor para repor as calorias gastas após 63 kms a pedalar :-)

quinta-feira, 23 de abril de 2015

O que vês da tua janela Gaja Maria ??


Aqui

Por vezes questionam-me sobre se gosto de estar "aqui". "Aqui", pressupõe um lugar e um tempo, isto é, um certo tempo num determinado lugar, "aqui", mais precisamente. Gostaria de dizer que sim e que só estou onde gosto de estar, mas nem sempre assim é. Uma coisa no entanto é certa, é que de uma forma geral nunca abandono um "aqui" onde estou durante determinado tempo e não gosto sem  o tentar transformar em um "aqui"  do qual gosto. Não sei se me faço entender...
Resumidamente e em jeito de conclusão, gosto de estar "aqui" seja esse "aqui" onde e quando for. De uns "aqui" gosto mais, de outros não gosto tanto....

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Iron station


Eu até nasci para ser rica e não ter de me preocupar com estas coisas, não sei o que se terá passado entretanto.....




terça-feira, 21 de abril de 2015

Mais uma vez

De novo me encontro sentada no topo da escada a olhar o dia chegar através do vitral.
Olho um quadro, uma planta, um candeeiro fixo na parede, um tapete, uma cadeira e uma estante.
A estante, a minha estante, a que revela muito de mim. Várias molduras com meus filhos, recordações de viagens, troféus de btt, vários álbuns de fotografias, a maioria anteriores à era digital. Aqueles álbuns contam parte da minha vida... A estante tem ainda a coleção de selos que meu pai me deixou, folheio algumas páginas na esperança de o ver, comigo a seu lado, de candeeiro por cima das nossas cabeças e de pinça na mão a organizá-los e colocá-los cuidadosamente no sítio certo com o carinho de que faz aquilo que gosta e tenta transmitir esse gosto. Livros, olhei os livros.
O gato Zé, meu companheiro de insónias vem roçar-se em mim para chamar a atenção. Tenta roubar-me a caneta, mas no fim de contas só quer que lhe faça umas festas. Rebola aos meus pés, mas eu estou focada nos livros da estante.
Um livro de lavores, outro que diz "resposta a tudo", Michaelis de várias línguas, um prontuário, uma enciclopédia, os Maias em encadernação encarnada e ouro, uma imensa coleção de livros famosos encapados em cores sóbrias do Reader's Digest e logo ao lado, um livro que chamou a minha atenção "Crescer Vazio" do Pedro Strecht. Não me lembro bem do conteúdo, mas sei que que é sobre crianças e que o adquiri, este e muitos outros, para aprender a educar crianças de personalidade difícil. Os livros ensinam-nos muito.
Abri o livro e li a dedicatória do autor "Para a mãe e para o pai, para a tia Rosarinho". Pousei a caneta, coloquei o caderno no degrau a meu lado. Comecei a ler...

segunda-feira, 20 de abril de 2015

domingo, 19 de abril de 2015

Perigosíssimo

Gostam de aventuras de pura adrenalina?
Ora, nada melhor do que andar numa montanha russa perigosíssima... :-)



sábado, 18 de abril de 2015

Sons da manhã

Deitei-me já tarde e custou-me a adormecer. Acordei era ainda madrugada. 
A porta do quarto estava entreaberta e deixava-me perceber uma luz ténue que entrava através do vitral da escada. Ouvi um galo a cantar lá ao fundo e outro galo e ainda outro. Anunciavam a manhã à desgarrada. Desta vez deixei-me ficar, atenta aos sons da manhã. 
Pássaros, muitos pássaros inundavam a palmeira da vizinha de vida e de chilreios felizes. Gritos de pombos passavam a voar, um carro ou outro passava devagar, Onde iriam àquela hora numa manhã de sábado? Havia um outro pássaro, com outro som que não se calava. Conhecia aquele som de muitas outras manhãs, mas nunca soube o seu nome, um dia quando me lembrar ainda hei-de pesquisar ou perguntar se alguém das redondezas também o ouve. Seria uma popa? 
Fui sentar-me no topo da escada com o meu caderno e uma caneta. o Zé, o gato, ao ver-me, sentou-se na cadeira a olhar para mim. Que raio fazia eu ali, àquela hora?
O dia clareava e o hall da escada  ganhava contornos, estava entretanto inundado de luz. Os galos continuavam a cantar. Como podia ainda haver por ali ainda tantos galos se quase todos os velhotes haviam partido e as suas casas haviam sido vendidas, ou reconstruídas, transformadas em lares modernos sem galos, habitadas por filhos ou netos ou mesmo outras gentes, novas na zona, que como único animal teriam um hamster, um cão ou um gato?
Ouvi portas, o Bruno estava a abrir o café e a Silvina chegou do mercado com o carro cheio de verduras e frutas frescas que vai dispor em caixas alinhadas da sua mercearia à espera das freguesas. O Zé, em cima da cadeira, inicia a sua higiene matinal, lambe as patas, a barriga, as costelas. 
Senti as pernas frias, o sol no entanto já batia no vitral, os galos calaram-se e a popa estava mais perto. O movimento na estrada aumentou, estava na hora de iniciar o meu dia.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Inventam estas modernices só para encanitar uma gaja

E como eu estou encanitada.
Uma gaja dirige-se à maquineta de reconhecimento facial, a horas próprias de entrar ao serviço e a sentir-se fresca que nem uma alface, no seu passo confiante e seguro. Olha para a maquineta, tenta acertar no circulo com o seu melhor lado e ... wow! dá um salto para trás assustada. 
Olha de soslaio por cima do ombro não vá aquela cara ser de outra pessoa e não sente nenhuma presença atrás de si, vira mesmo a cabeça para se certificar que está sozinha, está mesmo sozinha e, na dúvida, volta a enquadrar-se com a maquineta. WOW!! Mas quem é aquela ali na maquineta, tão cheia de sardas e de rugas, de papos de olhos inchados, com ar esgaseado, pescoço esganiçado e cabelo desgrenhado, ein?? Serei mesmo eu? EU? Trrlliimm, visto verde. 
Sou mesmo eu! 
Sinto-me encanitada pois sinto, é que sinto mesmo uma tristeza tamanha, capaz de me fazer entrar em depressão profunda de forma que vou ter de ir para a baixa e não mais ter de enfrentar aquela maquineta do diabo. É que só falta a porra da máquina sair-se a dizer: "És tu és, julgas o quê, ó cota, que és a Claudia Schiffer ó quê??
Eu bem que achava que os espelhos me andavam a enganar. Eu a achar que até era bem parecida e com ar jovem e vai-se a ver... Amanhã vou ter uma conversinha com aquela maquineta.

Ontem

O dia acordou cinzento, parecia que ia chover. A alma também, cinzenta e o corpo, esse, entre o cinza claro e o escuro para não destoar.
Ao longo do dia a alma foi alternando entre a mistura de tons , chegando até a ficar cheia de luz durante algum tempo. O corpo, foi clareando mas voltou a ficar escuro no fim do dia, do cansaço e do desalento e o dia, esse, mesclou de preto rasgado de flechas douradas e de estrondos assustadores, muitos pingos grossos, outros finos, chegou até a mostrar um pouco de azul e claridade a determinada altura, mas logo se arrependeu. 
Tomara que finalmente chegasse a noite para acabar com aquele dia...
E a noite chegou e o dia acabou. Podia então respirar de alívio.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

E eu sem tempo...

Sou uma má gestora.
Tantas coisas para ver, tantas letras para ler, tantas palavras para escrever e eu sem tempo.
Tantas pessoas para falar, tantas para ouvir, tantas para cuidar e eu sem tempo.
Tantos burros para tocar, outros tantos para afastar e eu sem tempo.
Tantas coisas à espera de avançar, outras tantas para largar e eu sem tempo.
Sou uma má gestora.

O tempo pergunta ao tempo quanto o tempo o tempo tem. Ora o tempo tem tempo, eu é que não...

terça-feira, 14 de abril de 2015

Ser Gaja é

Abrir o guarda vestidos, sim, o guarda vestidos, que closet não é para todas e ver que está cheio de roupa mas não tem nada para vestir. É vestir uma peça atrás da outra e não se sentir bem com ela naquele dia, só porque sim. É gostar de ir às compras, é gostar de lá ver uma blusa nova ou umas calças ou um vestido especial à espera de serem estreados quando apetecer. É gostar de ter malas e sapatos e botas... Sombras para os olhos de várias cores, acessórios para o cabelo, lenços, pulseiras, perfumes e outras coisitas mais. Coisas de gaja, vá. Ser gaja é assim, o que se há-de fazer?
Mas tudo isto para quê? Tudo isto para vos dizer que gosto de sapatos. Pronto! Gosto de sapatos e quero mostrar-vos os meus sapatos novos a estrear antes da primeira saída e antes de ficarem cheios de pó e de lama. Ai que são tão lindos que até tenho pena de os usar.
Sou uma peneirenta, eu sei, mas o meu maridão estraga-me com mimos...



Os anteriores pedalaram cerca de 5.000 kms, vou guardá-los e usá-los ainda muitas vezes. São brancos mas já estiveram pretos por diversas vezes, foram lavados na máquina de tão sujos, foram trincados pelo cão, andaram ao frio e ao calor, foram a locais maravilhosos, subiram paredes e desceram trilhos incríveis, andaram por montanhas, por vales, por riachos, na areia da praia, na pedra e percorreram estradões sem fim. Foram comigo a Santiago de Compostela, a Portalegre, a Idanha, a Vale de Cambra, ao castelo de Óbidos, eu sei lá.... Espero que estes me levem ainda mais longe.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Pele de foca precisa-se

Sou contra as peles. 
Matar animais para fazer casacos e sapatos e outras coisas pelosas não é coisa que me agrade. Tadinhos dos animais, tão lindos e felizes nos seus próprios casacos.
Acontece que sou uma gaja desprovida de camada protetora. Já viram com certeza fotos minhas de calções de ciclismo não viram? Claro, eu não paro de vos mostrar as minhas pernas de alicate e assim como as pernas, toda eu sou alicate, um alicate com barriga, mas um alicate. É pele e osso. Por isso eu sofro. Ó como eu sofro com o frio e com o calor. Se estão menos de 25º toda eu sou tremuras, se a temperatura sobe, atacam-me os calores. É um tira e põe roupa, é um desligar e ligar de aquecimentos e arrefecimentos, um abrir e fechar de janelas, um ata e desata cabelo, um tira e põe écharpe que até parece que não sei o que quero desta vida.
Vai daí que andei a pesquisar e cheguei a uma brilhante conclusão, o que eu preciso é de uma pele de foca que me protegeria do frio e do calor. Alguém sabe onde arranjo?

domingo, 12 de abril de 2015

Mania das grandezas

Grande serra, grande céu, grandes subidas, grandes descidas, grandes pedras...
É tudo à grande, manias...

Então e vocês, esse domingo? Aposto que se estava bem ao solinho na praia ou na esplanada a beber uma bejeca...




sábado, 11 de abril de 2015

Sobrevivi!

Papeis?
Quinta e sexta dei cabo deles todinhos. Bom, deixei dois ou três para segunda-feira vá, não fossem as papeleiras ficar tristes de tão vazias.
Mas é fim de semana e foi dia de pedalada. Digam lá que não terminei em grande ein? há que repor as calorias gastas, não?



sexta-feira, 10 de abril de 2015

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Diferente




" Vocês riem de mim por eu ser diferente e eu rio de vocês por serem todos iguais "

Bob Marley






A mala

Todos os dias me levanto dez minutos  após o toque do despertador. Nesses dez minutos faço montes de coisas, aliás, não faço nada, por vezes adormeço até, mas aqueles dez minutos de ronrom são sagrados. 
Normalmente espreguiço-me, alongo os olhos, procuro o fresco da cama com os pés, tento perceber se está frio ou se está calor, se chove ou se os passaritos chilreiam, sinal que está sol.
Percorro mentalmente o roupeiro à procura da roupa perfeita  para aquele dia, percorro cada cabide, cada prateleira, abro cada gaveta. Escolho o cinto, a écharpe e os sapatos, decido qual o agasalho e se mudo ou não de mala. Ah, a mala! Isso das malas...
Nunca há uma mala de gaja perfeita, aquela que faz pendant com a cor dos sapatos daquele dia, aquela que tem o tamanho certo, as divisórias certas, aquela onde se consegue colocar e encontrar toda uma parafernália de coisas tão úteis a uma gaja.
Um corta unhas, uma pinça, um espelho, dois pares de óculos, pensos higiénicos, pensos rápidos tampões, carregadores, telefones, esferográficas, fio dental, onde está quando é preciso, onde?? o moleskine, lenços, pente, pastilhas, talões de compras amarrotados, post its, chaves do carro. Mas onde se enfiam o raio das chaves, onde?? Um amuleto, uma pen, elásticos para o cabelo, dezenas de cartões, porta moedas, documentos, fotografias, a caneta do tablet, o próprio do tablet, cigarros, isqueiros, os que não funcionam e os outros, um ou dois clips já ferrugentos, dez pacotes de açúcar que nunca ponho no café e guardo, para quê não sei, listas de compras antigas, três batons de cores diferentes, mais dois para o cieiro, mais....
Socorro!!
Mas porque é que as gajas haviam de inventar isto das malas, porquê? É que só de trolley com rodas...
Vou-me deitar, estou cansada!

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Entrelinhas

Olá, sou a Gaja Maria e já quis esconder-me.
Na verdade não me chamo Maria, muito menos Gaja, claro, mas queria esconder-me.
Esconder-me por trás deste nome, desta imagem, esconder o meu lado mais obscuro, o meu lado cinzento, por vezes até negro. Queria falar, queria escrever, queria deitar para fora o que me ia na alma, sem me criticarem, sem me julgarem, sem me confrontarem.
Uns dias queria poder dizer que estava lixada com a puta da vida e porquê, outros dias queria apenas dizer que não me cabia um feijão frade no cu de tão feliz e contente. Queria poder contar a alguém o que me fazia triste, partilhar o que me fazia feliz, deixar de me sentir amordaçada, amarrada. Tudo isto eu queria dizer, escondida, sem sofrer consequências.

Durante algum tempo até foi possível...

Mas porque há males que até vêm por bem, resolvi resolver-me .
Gaja Maria assenta-me que nem uma luva, mas já não preciso esconder-me.


domingo, 5 de abril de 2015

Tempos idos

Domingo de Páscoa, dia de estrear um vestido novo, umas meias rendadas e uns sapatos novos. A minha irmã dava-me banho, secava-me o cabelo, ajudava-me a vestir e aí pelas 11 horas lá íamos de mão dada visitar a minha Madrinha. 
Ela havia de dar-me beijos repenicados, um conjunto de lençóis com renda de bilros, ou um conjunto de banho de turco do mais grosso ou uma toalha de linho bordada à mão, tinha de me encher a arca do enxoval. Havia de me dar um folar com três ovos, sinal do apreço e do carinho que tinha por mim e umas amêndoas feitas pela vizinha. Eu havia de fazer festas ao gato, ver o canário que tinha na gaiola, esperar que ele cantasse e ver as flores que estavam tão viçosas, fruto dos seus cuidados.
Ela havia de dizer que não tinha muita saúde, havia de desfiar o rol das suas doenças, mas que eu estava muito crescida e que esperava ainda poder um dia vestir-me da cabeça aos pés para o dia do meu casamento.
E assim foi. 
Os lençóis com renda de bilros continuam dentro da arca do enxoval, nunca os usei...

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Fez-se luz!

Contêm, finalmente, apareceu o sol aqui pelo Oeste logo de manhã.
Curioso como o semblante das pessoas muda, ficam luminosas, sorridentes e largam o cinza e o preto, arriscam num verde, num azul, quiçá um branco ou um cru. É vê-las a saltitar felizes de um lado para o outro.
Da janela aberta fo meu bolinhas azul, vejo agora os passaritos a esvoaçar de galho em galho, consigo até ouvir o seu chilrear. Reparo em alguns campos de um verde intenso, outros cobertos de flores amarelas  e vejo agora,  apenas agora, vejo que muitos estão cultivados.
O dia tem outra cor e cheira a alegria e a esperança. Cheira a calor...
Inspiro profundamente, bebo este ar, absorvo esta luz e sorriso cá por dentro.
Venha de lá o fim de semana XL.