quinta-feira, 29 de outubro de 2015

:))) !! ?? ... ,,, :D:D:D

Devem achar que sou uma chata, que só escrevo coisas chatas e sem jeito e que a julgar pela quantidade de :) e :))) e :D:D:D que escrevo nos posts e nos comentários, não devo ter nada mais que me venha à ideia. Há pessoas que criticam este tipo de coisas, assim como criticam quem usa muitas,, e !! e ?? Aliás, há pessoas que criticam tudo e mais alguma coisa. São, claro, supra sumos da escrita. Pois são. Mas não, à semelhança de que sorrio sempre quando falo, e quando não sorrio toda a gente nota logo, esta é uma forma de eu sorrir ao escrever. Aliás, muitas vezes, um sorriso vale mais que mil palavras. Dizem que as palavras leva-as o vento, já um sorriso, quando é genuíno, mostra os nosso sentimento e o apreço que temos pelas pessoas e pelas coisas que dizem e escrevem. 
Até amanhã :)

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

O problema

Não, o problema não são os cinco cabelos brancos, não são as pálpebras descaídas, não é o duplo queixo nem as mamas que já não olham para o céu. O problema não é já não ter cintura de vespa, o cu de pato ou as coxas magricelas. O problema não é uma gaja começar a esquecer-se onde mete certas merdas nem o facto de ter de se levantar a meio da noite para fazer xixi. O problema não é a profissão estagnada, não é ter os filhos fora de casa a voar sozinhos, os pais já velhinhos,  a chuva ou o frio. O problema não é ter dias maus de vez em quando, não são as dúvidas existenciais, nem sequer nunca ganhar um prémio no euromilhões para poder desopilar. O problema não é estar com um humor de cão nem achar que o mundo está virado do avesso, que as pessoas estão cada vez mais malucas e que ninguém me compreende. Não, o problema é este cab@ão deste furúnculo na perna do tamanho de uma abóbora menina que me dói com'ó caraças. Isso e este filha-da-mãe deste torcicolo no pescoço que mal me deixa virar a cabeça. Ai que estou tão precisada de uma massagem...

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Super Lua

Hoje acordei com um peso no corpo, uma angústia no coração e uma melancolia na alma. Não lhe dei grande importância, certa de que passaria, atribui-lhe mau feitio, mal dispostice, sei lá. Não respondendo  a minha alma e o meu coração apertado não sabendo eu porquê à minha vontade de os contrariar, instalou-se-me uma tristeza, uma insatisfação, uma grande incerteza. Só estou bem onde não estou. Deve ser a influência da última Super Lua do ano, que ainda consegui vislumbrar hoje  por entre as nuvens mas que logo ficou encoberta. É o fascínio da Lua.


segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Qual halloween qual quê!

Está prestes a fazer vinte e dois anos que aconteceu uma das mais assustadoras épocas de halloween do último século. 
Foi por altura do "Pão por Deus", chamava-se assim na altura, agora é que é só modernices, que eu pari um ratito no meio de uma grande aventura. Um ratito porque apesar de eu ter enfardado um quilo de merendeiras quentes acabadas de fazer, tal não foi suficiente para o fazer engordar e crescer, mas talvez tenha sido demais para o fazer nascer no dia um de novembro, um mês antes do tempo, minorca, com apenas dois quilos e tão aflito coitadinho de meu MaisVelho. 
Foi das melhores histórias de partos dos últimos tempos, pois nesse tal dia, deram-me para o jantar uma bela de uma sopa de feijão no hospital. Não, nem queiram saber do bonito efeito que aquilo causou, mas estando a sala de partos cheia de gente pois era a mudança de turno, aquilo estava à pinha e não imaginam a confusão. E eu ali de perna aberta e o marido prestes a desmaiar, que já não sabiam a quem acudir, se à criança aflita para nascer, se à parturiente a aperceber-se da situação, se ao pai, todos prestes a finarem-se. Eram tantos que depressa se dividiram nas tarefas e o rapaz lá acabou por nascer às 23:58 do feriado o que valeu uma grande salva de palmas de toda aquela assistência, com o barulho ainda vieram mais e o pediatra ocupou-se dele, o pai, lá o sentaram numa cadeira e eu lá ouvi finalmente o puto chorar o que me deixou mais descansada. No fim disto tudo e passadas umas horas apagou-se-me a luz, bati com a cabeça e levei três pontos. Nunca antes visto, ir parir e levar pontos na cabeça. No final das contas tudo acabou bem e ratito, pai e mãe ficaram felizes e contentes. Qual halloween qual quê.

domingo, 25 de outubro de 2015

Isto de Fazer marmelada é perigosíssimo

Sou uma devoradora de marmelada. 
Todos os dias como ao lanche uma peça de fruta e duas ou três tostas com marmelada, porque é mais um pouco de fruta, porque é doce e porque é uma enorme fonte de energia para os desportistas de alta competição como é o meu caso. Cof, Cof! Ok, sou gulosa, nada a fazer. 
Posto isto todos os anos me aventuro nesta difícil e perigosíssima arte que é fazer a minha própria marmelada. Sei que querem esta receita super secreta e por isso vou partilhá-la convosco.

Marmelos + açúcar louro + pau de canela + casca de limão + um pouco de água  + 2 pitadas do ingrediente secreto, a conice.
Tirar os caroços aos marmelos e cortá-los aos pedacinhos, cuidado com as facas que aquilo é rijo p'ra caraças (este ano correu bem, vá lá) e colocar tudo no tacho deixando cozer durante uma hora com a exceção do ingrediente secreto. Após essa hora, tempo durante o qual vocês começam a babar pois a vossa casa fica  com um cheirinho praticamente igual ao do paraíso, pegam na varinha mágica, trituram tudo e deixam mais um pouco ao lume para apurar.
Eis que chegou o momento da primeira pitada de conice, retirei a tampa para espreitar se minha marmelada estava já no ponto certo, salta uma bolha fervente e um pingo vai direitinho à minha cara, segunda pitada de conice, esfreguei!
A marmelada estava pronta mas eu fiquei com uma queimadura na cara do tamanho de uma moeda de dois euros. Bom não é? Agora que já passaram dois dias já só tem o tamanho de uma moeda de um euro, mas dói que se farta.
Gente, nunca façam marmelada com este ingrediente secreto, vão à loja e comprem já pronta em caixinhas.
Voilà:

sábado, 24 de outubro de 2015

Malucos

Hoje não vimos coelhos nem corujas nem comunidades ciganas, muito menos atropelamentos. 
Hoje não vimos o sol a pôr-se, não se via a lua, nem as estrelas porque o céu estava coberto de nuvens, mas hoje, estas quatro alminhas de Deus foram às nove da noite subir e descer pedra para a Serra d'Aire e Candeeiros  com uns meros luzecus nos volantes das bikes para nos iluminar os trilhos. A paz e a quietude daquele lugar é indescritível. As nossas gargalhadas ecoaram no meio do nada e as luzes das cidades lá em baixo parecIAm mágicas. Como o mundo é lindo pela noite. Andei quase três horas com um sorriso de orelha a orelha, mas de boca fechada, claro, não fosse saltar uma pedra e partir-me a cremalheira. Se pedalar durante o dia é bom, à noite é ainda melhor e só não tive vários orgasmos cósmicos porque tinha de ir muito atenta às pedras e do cosmos nem vê-lo. Se é perigoso andar na pedra à noite? é um pouco que eu sei porque já lá andei muitas vezes de dia, mas na verdade, à noite parece tudo bem mais fácil pois não se vê um telho. E panca, muita panca nestas cabeçorras.
Bom, já comi o nestum com mel, vou descansar as perninhas. Bom fim de semana.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Lusco fusco

Abro a porta de casa e tudo o que enxergo são silhuetas. 
O contorno do gato à janela, sombras das migalhas na banca da cozinha, a sombra de um camião a passar na rua, a casa quase às escuras. Da janela vejo o céu tingido de laranja, é o sol a pôr-se lá ao fundo no mar que não consigo ver daqui.
É nesta altura do ano que esta luz difusa entra por nossas casas adentro ao fim de mais um dia. Tudo fica sombrio, escuro e nós teimamos que ainda não é hora de acender as luzes, no entanto já quase não se vê e na próxima semana já vai ser mesmo noite a meio da tarde. Detesto o horário de inverno.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

À noite

Tinha tudo para ser mais uma pedalada nocturna espectacular. 
O céu laranja fogo com o sol incandescente a esconder-se por entre os pinheiros, o céu ficou entretanto pintalgado de pequenos pontos brilhantes, a lua iluminava-nos o caminho e uma leve brisa amena acariciava-nos a pele a descoberto. Duas corujas, pousadas à procura de ratos para comer levantaram voo à nossa passagem e sobrevoaram as nossas cabeças, tão bonitas. Vários coelhos correram à frente das nossas luzes, passámos por uma comunidade cigana que fazia fogueiras para cozinhar o jantar, vários cães nos perseguiram, atrapalhámos um jovem casal que namorava num canto escuro, os paus e as folhas rangiam à nossa passagem. De repente oiço: "Olha, um porco da índia!" Quando ouvi a palavra porco, comecei à procura de um animal grande a fugir à nossa frente, mas não, a única coisa que encontrei foi uma pequena bola de pêlo branca. "Mas isto é um hamster!" Mas o que andava o pobre do animal a fazer no meio do pinhal? Ou fugiu ou tinha sido ali abandonado. Ainda tentámos agarrá-lo mas o pobre do bicho assustou-se e fugiu. A bicharada que vimos hoje, o céu,as estrelas, o cheiro a noite e a verde. Tinha tudo para ser uma pedalada nocturna fantástica não fosse ter começado a ver uma miúda a ser atropelada numa passadeira, mesmo atrás de nós, era ainda dia. Quando ouvi a travagem, olhei e ainda vi a miúda no ar, fiquei doente! Tantos animais à solta...

Vem aí o Jaquina

É quando entro com o carro na garagem, feita à larga para dois, que ainda lá cabem, mas muito à justa, que verifico que a minha outrora grande e espaçosa garagem, encolheu.  Não sei bem quando foi isso, nem quando lhe fui atribuindo novas funções que foi acumulando sem se queixar ao longo dos anos, mas se é certo que tem o propósito de arrumar e guardar carros, acumula muitos outros propósitos. E se de tempos a tempos sofre um esvaziamento, também é certo que poucas semanas demora a ficar cheia de novo.
Pois minha garagem é guardadora de coisas e possuidora de multifunções.
Se acolhe carros, bicicletas e skates, minha garagem também acolhe uma verdadeira lavandaria, um dispensador de produtos congelados, um guardador de ténis de filhos, uma garrafeira, um ecoponto, uma oficina para bicicletas, possui uma secção de ração animal, um armazém de materiais de limpeza, uma sala de troféus e um armazém de velharias. Minha garagem é também um armazém intermédio. Entenda-se por armazém intermédio, aquele sítio onde deixamos quase tudo que ainda não vai para o lixo ou para doar, mas que depois acaba por ir. No fundo, minha garagem parece muitas vezes uma mega store do chinês onde há milhares de merdas e de tudo um pouco.
Chegou pois aquele momento enervante em que depois de estacionar o carro mal consigo abrir as portas... Temo ter chegado o momento  de acontecer por ali mais um furacão...

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Então, vocês também pedem biscoitos?

Foi segunda feira todo o santo dia, embora lá mais para a tarde começasse a parecer-me que afinal já era terça, como aliás me acontece todas as semanas. Custa a arrancar, mas depois lá entro em modo cruise control e depois é sempre a rolar. Muitas vezes travo, noutras acelero e lá se vai o cc, mas no fundo isso até dá pica e emoção à semana. Sendo então segunda feira, e como há muitas semanas a esta parte, começo logo com uma reunião de trabalho que normalmente dura toda a manhã. Aí pelas doze horas começa a dar-me a paradinha e a falta de concentração. Hoje, num desses momentos em que o meu pensamento vagueia, embora contrariado por mim, mas sempre armando-se em teimoso, que me passou aqui uma lembrança a correr "Ó mãe, não pedes um biscoito?"
Pois foi numa tarde já longínqua, eram os meus filhos ainda pequenos, em que fui com eles às compras. Escolhemos algumas coisas, experimentaram e dirijo-me à caixa. Na parte em que saquei do cartão e o entreguei para efetuar o pagamento, sai-se um dos pirralhos, que mal tinha altura para chegar ao balcão a dizer: 
"Ó mãe, mas tu não pedes um biscoito? Vais pagar sem pedires um biscoito?"
"Mas porque haveria eu de pedir um biscoito à senhora, filho" E porque alguém, numa loja de roupa, haveria de ter biscoitos para dar aos clientes?" perguntei-lhe a piscar o olho à vendedora em jeito de pedido de desculpas.
"Então, eu quando vou com a tia e ela vai pagar pede sempre um biscoito"
Ummm! Pensei, aquela não bate bem da bola com certeza. Paguei e viemos embora. Pensei nisso durante dias, não conseguindo compreender a lógica da coisa.
Foi então, numa segunda feira cinzenta p'ra caraças, muitos dias mais tarde, que se me fez luz e me ocorreu a solução para tal cluedo.
Biscoito = desconto!

domingo, 18 de outubro de 2015

Chuva



"Chuva, caindo tão mansa,
Em branda serenidade.
Hoje minh'alma descansa.
Que perfeita intimidade!..."

Francisco Bugalho, "Paisagem"



Temporal? Este fim de semana esteve temporal???
Até às dez da manhã de sábado até não e ainda deu para conseguir pendurar-me no marco geodésico para a fotografia, sempre que vejo um não resisto a juntá-lo à minha coleção. O pior foi depois, quando no meio do monte o céu começou a ficar negro e o vento começou a soprar que nem um doido e os pingos não tardaram, cada vez mais grossos e com maior intensidade. Choveu o resto do dia.
Adoro o cheiro da chuva a molhar a terra, adoro a calmaria, adoro o barulho dos pingos a cair nas folhas...
Sim, não nos abrigámos e fomos a levar com eles no lombo até casa. Sim, estávamos um pouco longe, sim, foi mais um banho para enrijar o esqueleto. Sabiam que a água da chuva faz muito bem à pele?



quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Laços

Ao contrário de todos os outros dias em que saio do trabalho a correr para ir fazer alguma coisa ou muitas coisas, hoje saí nas calmas, devagarinho, a apreciar as pessoas, as casas, as ruas, que das outras vezes quase nem vejo. Não ia ao ginásio e pedalar já pedalei ontem à noite, o meu único propósito era mimar MaiNovo com um jantar a gosto dele, que chegava hoje de fim de semana. Sei que se trata bem, pois os jantares e as churrascadas de curso não param, mas a comida de casa é a comida de casa e apesar de não ser grande cozinheira, sei que a comida de casa tem para a maioria dos filhos algum valor. 
Passei em frente da casa de minha Mãe e olhei a palmeira. Achei-a tristonha, de folhas caídas, amareladas, parei o carro e observei, doente! Uma palmeira que me viu crescer, a mim e a todas as crianças da família, hoje já homens e mulheres, todos temos fotografias em criança debaixo daquela palmeira, o ex-libris do jardim, a imponência, o pilar do crescimento de todos.  Fui questionar mãe, que no fim de contas já sabia do diagnóstico, as larvas de escaravelho que têm infestado muitas das palmeiras do nosso país, chegou à nossa palmeira e a muitas das palmeiras da vizinhança. O jardineiro diz que pode ser tratada mas não garante sucesso, por isso está decidido que vai ser cortada e arrancada do jardim...
É só uma palmeira, eu sei. Mas eu, que tenho a mania que sou dura, fria e forte fiquei triste e também sei que no dia que a nossa palmeira for cortada e arrancada do lugar onde me habituei a vê-la, vou olhar o lugar todas as vezes e pensar que me cortaram mais um laço. Pouco a pouco estou a perder os meus laços...

Regras e leis

Leis e mais leis. Regras e mais regras. Regras de conduta, regras do jogo, regras no trabalho, em casa, no trânsito, na amizade, no casamento, no estacionamento, na escrita, no facebook, nos blogs. ...
Caramba tanta lei, tanta regra. Eu sei que tem de se ordenar o rebanho pois há  ovelhas muito teimosas, mal formadas, maléficas, promíscuas e tudo o mais, mas onde é que fica a liberdade, a espontaneidade, a ponta de loucura que todos temos dentro de nós? Onde fica o ser diferente, o ter ideias e atitudes diferentes das do rebanho?
Ah! Eu sei, na prisão,  na exclusão, na marginalização....
Ou pertencemos a um rebanho ou então. ..

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Há muito tempo

Naqueles tempos todos os filhos tinham o dever e a obrigação de ajudar os pais e dos nove irmãos, todos tinham trabalhos  e tarefas distribuídas. Apesar da família não ser abastada, também não  era das que passava  fome, viviam numa casa grande e sempre havia uma parte da galinha ou uma ou duas sardinhas para cada um, no entanto, após  a instrução primária não haveria futuro nessa área e os que gostariam de continuar  a estudar não  teriam essa oportunidade pois descriminação era coisa que aquela família nunca faria. Todos trabalhariam por igual para ajudar na casa até  que dela saíssem.

Duas das filhas eram empalhadeiras, outra costureira, uma governanta, uma foi para Lisboa para ser cabeleireira, seu sonho de menina, os rapazes trabalhavam nas fábricas de vidro e a Maria  Augusta, a mais nova,  a única que queria continuar os estudos mas não pôde,  coube-lhe o negócio de fazer  broas e vendê-las pelas terras vizinhas. 
Zézito, o vizinho de nove anos conduzia o burro com o seirão carregado de broas e ela, já  espigadota, fazia o negócio, vendendo as broas cozidas a cada madrugada. Sempre de sorriso  na cara, sempre com uma graçola na ponta da língua.  As freguesas adoravam-na e ela vendia todas as broas. Nunca por um momento que fosse Maria Augusta se queixava da sua sorte e de não  poder estudar e de ter de andar a chuva e ao sol a vender broas  e depois chegar a casa e ainda ajudar na lida de uma casa de onze. Se não podia estudar, ajudaria então a família, guardando sempre alguns tostões para si. Talvez para um dia. Estava certa que um dia abriria o seu restaurante e todos iriam lá  voltar muitas e muitas vezes pelos seus cozinhados e pela sua simpatia. ..Um dia haveria de ser independente.

Só  que a vida  nem sempre  acontece como planeada e quis o destino e os pais que se casasse cedo e tivesse filhos, cuidasse da casa, aprendesse a bordar e a costurar, mas nunca, nunca tivesse um restaurante,  nunca voltasse a estudar e nunca tivesse uma profissão  além  da de Dona de Casa.
Não  foi  por isso no entanto que Maria Augusta quis mal à vida ou  ao mundo  ou aos pais ou marido. Conformou-se,  resignou-se e viveu a vida o melhor que pôde. A sua alegria e felicidade transpareciam todos os dias e eram contagiantes. 
Era assim há  muito tempo....

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Pedaços de história

Chovia copiosamente lá fora, grossos pingos escorriam pelas janelas toldando a paisagem que avistava dali. As braças daquela pequena planta oriunda do Brasil que outrora esteve à morte dentro de casa e  foi plantada no jardim fizera-se uma árvore enorme, batiam nas telhas da garagem. Sentia o vento soprar com quanta força tinha, como que a varrer o mundo de todos os males.
O passeio de bicicleta até à serra ficaria adiado...
Dirigiu-se ao maior roupeiro da casa onde estavam guardadas as roupas do passado. Seria então nesse dia, com tempo, que se iria desfazer delas. 
Começou a abrir as portas e a espalhar tudo pela cama. Calças à boca de sino, bermudas, calças à meia canela, saias de verão, fatos completos de uma profissão de outrora, blazers de todas as cores, calças de riscas, camisas aos quadrados, montanhas de calças pretas, vestidos de cerimónia, dois fatos de baptizado de rapaz, dois fatos de meninos das alianças, um vestido de noiva, "O" vestido de noiva.... Algumas daquelas peças com mais de vinte cinco anos, algumas dois números acima do que usava agora, outras tão justas que dificilmente caberia nelas. Casacos curtos, casacos compridos, cada peça usada em ocasiões de que se lembrava como se fosse naquele dia, peças com história, peças com sentimentos que a arrepiavam a cada toque. Pirâmides de tecidos e texturas com cheiro a bafio e repletas de vincos. Rugas de uma vida.
Mas como desfazer-se delas, como destralhar assim uma vida, como separar-se  da sua história? Sabia-se fria e desapegada,  mas aqueles não eram apenas bens materiais, eram momentos, eram uma pessoa, eram a sua pessoa, o seu passado. Não!
Empilhou as peças por tipo, cuidadosamente dobradas, e colocou-as de volta nas prateleiras, desta vez nas portas de cima do roupeiro, um pouco mais fora do seu alcance. Pelo menos por agora iriam repousar mais uns anos para que de tempos a tempos pudesse olhar para elas e recordar pedaços de vida, pedaços de passado. 
Julgava-se mais dura...
E que a chuva não volte nos próximos fins de semana.

domingo, 11 de outubro de 2015

Sinto-me um gato...


Tal qual o meu Zé!
Já mudei de posição várias vezes, enrosquei, desenrosquei, estiquei-me no sofá, coloquei os óculos, tirei os óculos, já li algumas páginas de um livro, já vi um filme, já li blogs, já cusquei o facebook... 
Afinal as tardes até são enormes.
Apesar da chuva lá fora, seca, isto é uma grandessíssima seca, uma neura tamanha passar assim de uma não parança para uma parança total devido ao mau tempo. É que isto requer habituação e pensando bem nem é um gato o que eu me sinto, é mais um leão  do jardim zoológico, aqueles que estão enjaulados, portanto.
Já bocejei umas quinhentas vezes, já alonguei o costado, as pernas, quase lambi os bigodes com a taça de arroz doce que fiz ao almoço e estou aqui a pensar seriamente ir fazer um lanche, estou a lembrar-me que ainda tenho queijo dos Açores, farinheira, alheira, chouriço e vinho tinto, só coisas boas, não?
Eu já venho!

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Voltou! Finalmente.

Chegou ontem, dentro de uma caixa, apertada, num contentor. Vinha tristonha, com alguns arranhões no cromado e o conta kms avariado. Ela olhou para mim, eu olhei para ela... que saudades.
Hoje fomos passear juntas e é verdade, o outono chegou, as praias estavam no mesmo sítio, calmas e serenas, vazias de gente. O mar estava quase parado, lindo como sempre e o por do sol, mágico, fantástico. 
Chegámos já era noite e já fazia frio, mas a brisa fresca fez maravilhas. Alma lavada, pensamentos no lugar, saudades repostas. Siga! 






quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Os amigos e os outros

Muitas pessoas passam pelas nossas vidas.
Algumas vão ficando, vão-se aproximando, nós vamos deixando, vão rindo connosco, partilhando momentos, momentos bons, momentos maus, sentimentos, emoções, risos e lágrimas. Recebem mas também dão, ouvem-nos, falam-nos, estão sempre presentes nos momentos em que precisamos. Não só  nos aceitam como somos sem questionar como também nos chamam à razão quando necessário é. Contamos com eles e eles contam connosco. Esses são os amigos do peito, os que estão próximos de nós porque os escolhemos e nos escolheram a nós, alguns, durante uma vida inteira até. Tenho a felicidade de ter alguns assim. 
Depois há os conhecidos, os que aparecem nas nossas vidas em certas circunstâncias, que vemos de tempos a tempos, de uns gostamos mais e até consideramos amigos, porque criamos empatia com eles, porque são bem dispostos, porque nem os conhecemos bem mas também nunca nada houve para que nos afastemos deles, uns vêm e vão, outros vêm e voltam a vir.
E depois há os colegas, colegas de escola, de profissão ou de equipa que de uma forma ou de outra nos são impostos. Normalmente somos obrigados a viver parte dos nossos dias com estas pessoas, algumas até ficam nossas amigas, ou pelo menos aparentemente e durante o tempo em que lhes servimos de alguma coisa, mas a maioria não passam de colegas que nos viram as costas e nos prejudicam à mínima contrariedade. Nesta minha vida já vi de tudo. Gente justa, gente com valores, gente que sabe ser líder, gente que entende as hierarquias, gente que sabe trabalhar em equipa. Mas também já vi muita injustiça, muitos traidores, muita liderança por imposição, muito bullying a colegas e subordinados, complots, lutas pelo poder, gente muito mal formada, gente muito má, gente que é capaz de tudo. Uma atitude gera outra ainda pior e é uma bola de neve. É de arrepiar.  Feliz ou infelizmente, nas nossas vidas temos de lidar com todo o tipo de gente e sobreviver. Não é fácil, é aliás muito difícil, especialmente porque passamos mais tempo com colegas do que com as nossas pessoas, mas já que se passa tanto tempo juntos, porque não, pelo menos, respeitarem-se uns aos outros? 
Estou cansada, muito cansada de ver e ouvir gente a degladiar-se. Pude-se eu e agarrava na minha bike e fugia daqui...


terça-feira, 6 de outubro de 2015

Cortar o mal pela raiz

Então já digeriram isso dos votos e dos resultados e da nossa vida para os próximos anos? Óptimo!
Eu cá cortei o mal pela raiz. Não que não tenha votado, que votei, não que não tenha seguido atentamente os resultados e os comentários e tudo e tudo, que segui, analisei, escamoteei. Tudo. Estou deveras impressionada com os portugueses e ainda mais fiquei, especialmente quando cheguei ontem ao refeitório da empresa e estava tudo de cor de laranja. Era apenas a farda da empresa afinal, mas uma grande sala pintalgada de laranja. Não sei....
Mas dizia eu que cortei, tudo, mas mesmo tudo. Lembram-se da minha buganvília linda e maravilhosa da qual não me cansava de falar e fotografar e lamentar dos milhares de folhas e flores que tinha de varrer e dos telhados a vergar com o peso e do churrasco que não podia acender com medo de um incêndio? Pois é, a marido e a mim deu-nos a vontade da poda e antes que viesse o outono e o inverno, a queda da folha portanto, munimo-nos de escafandros, que aquilo tem mais espinhos que um ouriço enervado, luvas, tesouras de podar, carro de mão, ancinhos, pás e vassouras e toca a cortar. Primeiro a medo, uma braça aqui, outra ali...


Depois entusiasmamo-nos com a ideia de não ter de varrer folhas durante todo o outono e todo o inverno e pimba. Após seis horas, todos picados e arranhados, cortámos, acarretámos braças enormes e varremos milhares de folhas e flores. Deixámos a coitadinha da árvore assim...
Ai que estou tão triste. É que estou mesmo, só me apetece chorar, eu que nunca choro. Uma árvore com quase 25 anos...


Era assim...



segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A arte de fazer malas

Fazer malas para viajar é coisa para ser uma verdadeira arte.  
Quantas e quantas vezes metemos lá dentro tantas coisas inúteis que nunca na vida utilizamos mas que achamos que nos vão ser absolutamente necessárias e vamos a ver vêm intactas de volta a casa. Quantas e quantas vezes só não levamos mesmo é aquilo que nos faz falta.
Quantas e quantas vezes acabamos por nos esquecer da coisa mais essencial como a escova de dentes, o pente ou o carregador do telemóvel...
Eu, fui para os Açores sem biquiki! Vejam bem que desgraça a minha...
Viajando num voo low cost, paguei apenas uma bagagem com 15 kgs para dois. Um par de calças vestido assim como umas sapatilhas e um casaco na mão para os dias todos, 2 kg de cuecas, meias, t-shirts, pijama e artigos de higiene para dois e 13 kgs de cenas para andar de bike. Não era para isso que eu ia?
Pois é, acontece que no fim da segunda etapa, o pessoal resolveu que queria ir relaxar as pernas moídas e cansadas e retemperar forças para a etapa do dia seguinte nas águas quentes e ferrosas da Poça da Dona Beija, sim, a tal, a poça da juventude, a ver se no dia seguinte estavam novos...
Imaginem a minha figura.... 
Boxers do marido com letras na frente a dizer Indícios....
Bandana de usar por baixo de capacete a servir de top..
Bronzeado à ciclista...
Sapatilhas à falta de chinelos que deixava à beirinha das poças...
Aí vai ela banhar-se na Poça da Dona Beija cheia de gente. E ela, eu, toda ralada... 
Estava tão gira, que tenho a certeza que nos próximos dias irá haver uma corrida do mulherio a tudo quanto é loja à procura de boxers a dizer Indícios...
Eu? Gostei tanto que no dia seguinte voltei ao meu outfit de banho na poça, desta vez na Caldeira Velha.
Tão mas tão bom.
Fait attention ã? Gaja Maria, fazer malas não é para qualquer um.


sexta-feira, 2 de outubro de 2015

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

E por falar em silêncio

Já se calavam as cornetas e as caravanas de carros a apitar e os megafones a apregoar palavras tontas desta campanha eleitoral. Cansada de esferográficas, de panfletos, de palavras carregadas de mentiras. Menos barulho e mais atitudes senhores. Venha o diabo e escolha....

Quanto mais falam menos dizem


Falam devagar, muito devagar, pausadamente, com espaços  e borboletas que esvoaçam a cada palavra, deixando fugir o raciocínio
Falam depressa, tão depressa, comem palavras, atropelam frases para arrepiar caminho para o final
Falam tão alto
Falam tão baixo
Falam tão mal
Falam tão bem
Falam com agressividade
Falam com doçura
Falam, falam, falam
Nunca ouvem
Cada vez mais aprecio o silêncio...