domingo, 28 de fevereiro de 2016

Torresmos!

Ontem passei a tarde a ler á lareira com os meus novos óculos progressivos a ver se a habituação se dá enquanto o vento, a chuva e o frio se esgadanhavam lá fora. Parece que até nevou aqui perto, mas eu cá não vi nada. É bom estar assim a fritar e a ler na paz do Senhor e assim, mas ao fim de duas horas de inércia começa a doer-me tudo e a darem-me coisas nos nervos, não fui feita para estar parada. Ainda assim, a coisa mais radical que fiz foi uma sopa de feijão verde e umas bruschettas de atum e pimentos para o jantar. Menos mal, com um vinho a acompanhar acabei por apreciar os momentos de relax.
Hoje porém acordei com o vício de pedalar e desejos de torresmos. Sim, torresmos. Os do talho do mercado da praia da Vieira, que não têm coirato e são tipo rojões.  Fui á janela e o céu estava escuro como breu, parecia mesmo que iam chover picaretas dali a três segundos e as laranjeiras do vizinho abanavam tanto que as laranjas não estavam na árvore mas sim no chão. Não me importou, eu queria ir aos torresmos e a pedalar!
Três camadas de roupa sendo que a ultima era impermeável, dois pares de meias e uma nota no bolso. Aí vamos nós, marido e eu. Não choveu, o céu começou a abrir e até veio o sol, já o vento, ficou cada vez mais forte e a cada pedalada empurrava-nos para trás. Não importava, íamos aos torresmos e íamos mesmo. E fomos e em chegados lá comprámos uma sacada que veio no bolso do impermeável para o lanche. Fizemos sessenta e seis quilómetros de bike contra o vento para ir aos torresmos. Mas digam-me lá, não valeu a pena??





quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Filha da puta de sorte

Já  lá  vão dois dias e a coisa não se dá  em pleno. Meneio a cabeça para cima, para baixo e para os lados e tudo vai ficando estranho ao movimento. Parece que vejo mutantes. Aumentam, diminuem, ficam desfocados, enevoados. Não  há  meio de encontrar a posição  certa para ver bem o que quero. Já consigo ler ao longe e ao perto, avé, mas encontrar a posição  certa da cabeça para ver simplesmente em frente o ecran do PC por exemplo, é dos desafios mais difíceis dos últimos  tempos, já  alterei a sua posição vezes sem conta. Nada.
As limitações  são  tramadas e não vejo hora de finalmente me adaptar, se é  que vou conseguir. É que já tenho dúvidas. Além  disso, já é  por demais visível  e tenho mesmo de assumir, sou uma cota de óculos  progressivos.....

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Agora tomem que eu sou amiga

Aconteceu um destes dias, cheios de nervos e stress em que cheguei esbaforida ao ginásio, (sim, aquele onde me ofereceram uma consulta de nutrição e onde me fizeram com todo o carinho um plano alimentar super saudável ao qual não liguei patavina, nem ás dicas que lá me deram). Mas bom, foi mesmo quando lá cheguei, mesmo, mesmo quando entrei na receção que me apercebi tão esganada com fome, prestes mesmo a desfalecer que até quase falecia ali mesmo de tanto babar, ao dar com os olhos na própria da rececionista degustando deliciada um dos lanches que me tinha sido, também a mim, prescrito pela nutri e eu nem dei importância. Uma maçã, uma taça, três ou quatro minutos no micro ondas, canela e já está."Dude"! pensei, "Totó do carago, mas qual é o teu problema? Que lanche tão bom, tão fácil e rápido, de amanhã não escapas." Fui-me. Ás maçãs. Reinetas, amarelas, peras, Marcha tudo! Ao lanche, á sobremesa, á ceia. Um maravilhoso tapa buracos ein?
Querem da minha pera? Cuidado, estão a vê-la a fumegar? Deixem arrefecer.


É impressão minha

Ou o blogo pessoal anda arredio?
Estiveram a acompanhar o canal do Parlamento, foi? Agora descansem que o orçamento está feito. A ver....

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Pintei...

Hoje pintei os olhos de azul. Azul da cor do céu para que perdure em mim a alegria de viver e da cor do mar para me lembrar do movimentos sincronizados das ondas que tanto me fascinam. Azul já não é cor habitual de que se pintem os olhos, mas não tendo pintado de azul, tê-los-ia pintado de verde. Verde da cor da serra e dos prados que vejo montada na minha bike, o que me faz tão feliz. Mas o verde também já não é a cor de que hoje em dia se pintem os olhos. Amanhã vou pinta-los de amarelo da cor do sol, mas eu nem gosto de amarelo, e amarelo também não é cor com que se pintem os olhos. Rosas, pasteis, castanhos, cinzentos? Não. Amanhã não vou pintar os olhos, vou trazer a minha paleta de cores bem junto do coração e vou colorindo o meu dia com elas.

O mar e a vida

As ondas vão e vêm, umas pequenas, outras enormes, outras atravessadas, perigosas e assustadoras. Mergulhamos ou recuamos?















sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Limbo

Não  era noite  nem era dia, não  havia sol e nem havia lua. Não era quente nem era frio e não  havia barulho nas não  estava silêncio.
O tempo parou, o mar secou,  a terra estagnou e o céu fundiu-se na imensidão.
Nada.
Só tu. E eu. Ali estendidos num longo abraço...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Dúvidas

Há  já  algum tempo que vai não  vai se me aflora aqui uma dúvida  para a qual tenho intensivamente e por conta de certas pesquisas e observações, procurado uma resposta sem chegar a uma conclusão conclusiva.
Quando  em conversa, aliás, mais monólogo do que conversa com alguém, esse tal dito alguém, repete a história, o acontecimento, o pensamento, o pedido, a instrução muito ao pormenor, depressa ou devagar, não interessa, aliás, até  interessa, que devagar dá vontade de arrancar os cabelos, mas o alguém repete umas três vezes seguidas a mesma coisa com as mesmas palavras e algumas vezes com variantes. Qual será  mesmo a verdadeira razão?
Para ouvirmos mesmo bem.
Para que não tenhamos dúvidas.
Porque gostam que lhes prestemos atenção
Para nos observarem enquanto ficamos verdes dos nervos
Porque gostam mesmo de falar
Porque não querem que nós  falemos
Porque são muito chatas
Porque se acham as maiores
Alzheimer
Todos os motivos anteriores
Nenhum dos motivos anteriores
Existirá algum estudo que me possa elucidar?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Sou

"Não  suporto meios termos. Por isso, não  me dou pela metade. Não  sou meio amiga nem quase seu amor. Ou sou tudo ou não  sou nada".

Clarice Lispector

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Sol!

Ainda me estou a refazer do dia inteiro que passei ontem em casa entre o sofá e a cozinha e a cozinha e o puf frente á  lareira, mais às  merdas que vi na TV e as que li, as festas que fiz ao gato, as vezes que me dirigi á  merda do armário  da casa de banho que precisa ser limpo e arrumado  e voltei para trás  porque não  me apetecia mexer um dedo. Ainda não me refiz da  puta da vontade que não  tive de tomar a decisão  de calçar  umas galochas e vestir um impermeável  e sair para a rua quanto mais não fosse para ser levada pelo vento ou apanhada pela chuva. E não pedalei! Hibernei! Um hibernamento tal que só  há pouco reparei que havia sol... yuuppiii!

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Sempre vale a pena quando a arte de amassar não é pequena

Foi quando deitei os primeiros grãos de terra em meu pilão para de seguida lhe juntar algumas sementes, talvez salsa ou coentros ou mesmo outras ervas com mais substrato como me sugeriu a Nina, para que germinassem e florescessem já que a minha arte de amassar não fazia jus a tão nobre utensílio de cozinha e dado-lhe assim alguma utilidade, que ele, o meu pilão, olhou para mim com aqueles seus olhos tristonhos e a meia haste como que implorando que o não fizesse, que lhe desse uma segunda oportunidade, que juntos ainda seriamos muito felizes amassando em conjunto alhos, sal, pimenta e outras ervas, massa de pimentão, azeite, banha de porco e por aí.... 
De lágrima no olho de tão comovida com tal pedido mudo, feito apenas com o olhar, hesitei, parei de deitar a terra e decidi-me por fim pela tal segunda oportunidade. Agarrei-me ao pilão e toca de lhe colocar vários ingredientes, amassando sem cessar, fazendo uma pasta com que iria barrar a carne. Pilão estava feliz da vida, sempre a dizer que desta vez é que era, que iria correr tudo bem, que o cozinhado iria ficar tão, mas tão bom, digno de uma estrela Michelin até e que ninguém iria reclamar. Entusiasmada assim fiz, barrei a carne, juntei vinho branco e esperei pelo dia seguinte. Tabuleiro ao forno durante duas horas et voilá, estava delicioso. 

Estou orgulhosa de mim e do meu pilão :)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Ode

Agora imaginem-me de tranças e fato comprido, não, não é um robe, imaginem umas vestes de seda, debruadas a oiro, super adequadas para dias de chuva,  sentada num banquinho no alpendre, desculpem, pérgula, de lira ao colo e a dedilhar as cordas. Estou rodeada de gatos e os passaritos vão  chegando a cada acorde instalando-se nos barrotes do telhado. A buganvília dança  na minha frente e as orquídeas enxotam os caracóis  e as lesmas que se aproximam nestas alturas de chuva para as comerem.
Entre miados, chilreios, mais a minha voz de cantora lírica, está  ali a barraca armada.
Ah! Já me esquecia de vos elucidar, a música vem do gira discos, que eu cá não  sei tocar lira, muito menos cantar.

Ora vamos lá, cantem comigo:

Não  há  chuva não  há  vento
Nada que me turve o pensamento
Ó tristeza vai-te embora
Que é  chegada a tua hora
E se teimas em ficar
Até  os meus pés  molhar
Vou até  ao fim do mundo
Só  para te parar

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Três tristes dias

Daqui vejo o dia em vários  ângulos  e está  cinzento e triste em todos eles. A borrasca cai incessante há  horas, há  dias, há quase três tristes dias. Pingos de chuva juntam-se e em conjunto escorrem pelos vidros deixando-os com riscos de água, parece que choram. Faz três tristes dias. As árvores abanam lá fora, dançam ao sabor do vento e alheias, tremem, gemem, parece que sofrem. Já lá vão tres dias. Os pássaros que observo todas as manhãs a saltitar no relvado do estacionamento e de árvore  em árvore,  desapareceram, não sei onde se resguardam nestes tristes dias. Os cães  da casa ao lado  não estão  como sempre perto do muro a ladrar, faz três  tristes dias. Da receção não chegam gargalhadas e nos corredores não  se vêm sorrisos.
Os carros que passam na estrada levantam aquela babugem que se espalha no ar e esse ar, húmido, pesado, triste, tudo engole á sua volta. Vejo rostos cinzentos, de escuro vestidos, afundados nos ecrãs e a carregar nas teclas lentamente. Parece geral a borrasca. Faz três  tristes dias....
Se se pudesse beber um birinaite na empresa, era hoje.

Pilão

Dos pilões que conheço, um é "o pilão", contrário de pilinha ou pila grande, portanto, e o outro é encher o copo e beber tudo até á última gota sem parar para respirar, o que se chama de "beber de pilão". Mas família tem reclamado os meus cozinhados, eu cá acho que são tão bons que nem sei como isto acontece, mas cansada de os ouvir, andei a pesquisar novas receitas. Algumas das receitas mencionavam  o  esmigalhar e amassar dos temperos no tal do pilão. Foi então crescendo em mim uma enorme vontade de ter um. Sogra que é um ás na cozinha tem um pilão, mãe, para onde os meus filhos correm quando os meus cozinhados não lhe aprazem, tem um pilão. Chefes que são chefes de cozinha em condições, têm todos um pilão. Ora, se eu tivesse um pilão, quem sabe, seria também eu, uma chef de cuisine. Corri tudo quanto é loja á procura de um pilão e aparentemente já não se usa e não seria fácil de encontrar, mas eu que cismei que haveria de ter um pilão, procurei, procurei e encontrei! Não resultou no entanto. O que é que eu agora faço ao raio do pilão? Planto lá dentro uns pezinhos de salsa?

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Em que é que ficamos?

Disseram-me na semana passada dos estúpidos que estavam em vias de extinção. Esses e os parvos de merda. Há  pouco vieram dizer-me que cada vez há  mais....
Em que é que ficamos?

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Outros carnavais

Já perdi a conta aos Carnavais que já vivi, mais aos disfarces que já vesti, mais ás dores nas bochechas e na barriga de tantas gargalhadas, as pisadelas nos pés, mais o suor e escorrer testa abaixo de tanto saltar e pular. E de tanto dançar até aprendi a sambar, rima mas é verdade, não descansei enquanto não aprendi. Pespeguei-me ao youtube e toca a treinar. Consegui. Sim, modernices. 
Todos os carnavais desde há uns trinta e tal anos e que me lembre apenas falhei um. Coisas de saúde, porque os filhos começaram a ir desde que nasceram. Mãe desnaturada eu sei.
O grupo de sempre, com as ideias malucas de sempre, a construção atabalhoada dos fatos de sempre, a diversão de sempre. Já fui muito feliz em carnavais. 
Mas haveria de chegar o ano em que me dava a preguicite. Foi este! Coisas da idade e do mau tempo que fazia lá fora.
Mas vi tudo do meu sofá, em frente á lareira e diverti-me como se tivesse lá estado. Facebook!
Quem se disfarçou de quê, quem foi aonde, com quem, tudo. O face tem tudo.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Tomates

Faz cinco anos que faço btt e pedalo com os rapazes. Os cuidados que tiveram comigo foi dar-me dicas sobre pôr e tirar mudanças e as técnicas de pedalar em areia, pedra e água, como devia fazer certas subidas medonhas e os cuidados a ter nas descidas perigosas e nos single tracks cheios de curvas, lama, árvores e paus. O resto coube-me a mim descobrir. Cai algumas vezes, outras tantas me levantei, sempre a sorrir. Arranhadelas, nódoas negras, escaldões, dores nas pernas, frio, calor, chuva, tudo enfrentei em nome desta paixão. Nas primeiras vezes esperavam por mim no topo das serras e lá em baixo após as descidas, mas depois deixou de ser necessário pois com isto tudo ganhei umas bolas ao fundo da barriga, sim, tomates. Teve de ser, uma mulher que começa nestas andanças aos quarenta e quatro anos e se apaixona por isto, ou vai ou desiste, eu fui, eu vou. Sempre, sem nunca desistir. 
Aprendi muito e transponho estas aprendizagens para a minha vida em geral. Pouco há que me meta medo, atiro-me ás dificuldades de cabeça, ganhei espírito de sacrifício, persistência, determinação, coragem e acima de tudo auto-estima. Nada me parece impossível e tornei-me uma durona. Tão durona que por vezes me assusta o meu sangue frio e a distância relativamente a certas coisas e a certas pessoas. As coisas que dizem, as coisas que fazem, muitas vezes nem me tocam, não quero saber, não estou para isso. Chego a temer muitas vezes, ter perdido o coração no meio de um trilho qualquer.

Mas não, é em momentos como o de hoje que verifico que não. Ao passar por uma quinta na pedalada da manhã, apaixonei-me por esta família e fiquei emocionada por verificar que a primavera este ano veio mais cedo. Entre outras coisas...







sábado, 6 de fevereiro de 2016

Utopia

Já sonhei muitos sonhos. 
De um malmequer cheio deles fui puxando cada pétala, umas demoradamente após grande espera e uma ainda maior luta, outras numa tão grande pressa que quase as deixei cair. Cada pétala, cada concretização de um sonho. Algumas pétalas estão ainda por tirar, outras, desisti delas. Não porque a pétala fosse difícil de puxar mas porque substitui o malmequer. 
A pétala da utopia contém um grande sonho e já o sonho há uns quatro anos. Este sonho continuará comigo até que não mais consiga sonhar com ele. 
Eu, ele, uma autocaravana, duas bicicletas e muito tempo e dinheiro para correr mundo pedalando. 
Nada demais não fosse este um sonho para realizar algures num fututo longínquo após filhos encaminhados, profissões finalizadas e mais umas quantas situações resolvidas. Utopia...
Será que nessa altura ainda terei força nas pernas para pedalar?




sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Eu que sou de listas

Ja disse aqui muitas vezes que sou de listas,  não  sei viver sem listas. Listas de projetos , de desejos, listas de despesas, afazeres, listas de compras. Ir às  compras sem lista significa chegar á despensa e verificar que trouxe mais 1kg de arroz para juntar aos 5 que ja lá  estavam e açúcar, que não tinha nem um, ficou por comprar. Arranjei entretanto um livrinho minúsculo onde vou anotando as faltas de supermercado e que anda sempre comigo. Técnica  esta infalível, mas que demorou anos a aprimorar e veio finalmente reduzir a quantidade de post it's dentro de tudo quanto é  bolso, carteira, etc. Eram às dezenas por todo o lado.
Chegada ao super, saco do meu livrinho minúsculo e toca a andar. Nunca falha.
Um dia destes não conseguia ler um pequeno item da minha lista. Procuro os óculos na carteira, tarefa dificílima no meio da confusão  que é uma carteira de mulher e lá  os encontro. Numa letra muito certinha e pequenina, que não  a minha, claro, mas a de MaiNovo, leio
- "dodotes"
Dodotes???? Assim de repente só me ocorrem toalhetes para limpar rabos a bebes, será?  Mas para que raio  de cena quereria o meu filho de 18 anos tal coisa?
Liguei-lhe obviamente logo ali, para esclarecer as dúvidas. 
Então  não  são  as toalhitas a melhor receita do mundo para limpar sapatilhas?
Então  e não  é  que resulta mesmo?
Limpam peles, camurcas, riscos das paredes, moveis de cozinha, pelos de gato, tudo.  Os toalhetes do rabo dos bebés e não  necessariamente de uma determinada marca, que ninguem me paga a publicidade, as toalhitas em geral, limpam tudo!
E esta ein?

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Eu também quero dizer que tenho gente cá minha

Eu tenho a minha Manuela. Ela só  chegou cá a casa no ano de 2016, resoluções cá minhas, mas a Manuela faz milagres nos quartos dos meus filhos, consegue limpá-los e arrumá-los sem os matar (até  ao momento, claro) e deixar o teto da casa de banho onde os patos cá  de casa estacionam de vez em quando tão branquinho. Aquilo é tanto vapor e humidade que vai não vai nascem lá  cogumelos. Ela dá  volta a tudo.
E tenho também a minha Vininha, que é  só  atravessar a estrada ou telefonar e ela arranja-me de tudo possivel e imaginário ao sábado  de manhã  para eu ir pedalar descansada. Ela é peixe fresco, queijos, morcelas quentinhas, frutas e legumes, o belo do rissol de camarão  caseiro, broa amarela, tudo. Não  sei viver sem a minha Vininha, além  disso ela deixa-me lá  entrar de pantufas e fato de ciclismo  mesmo antes da hora de abertura.
E ainda tenho Mamãe, que me apanha a roupa do arame e me deixa ovos caseiros e laranjas em cima da mesa da cozinha. E sopa de tomate feita por ela e panados que eu adoro. E depois ouve as minhas mágoas sem pestanejar. Isso sim, é de valor.
Eu também, tenho gente cá  minha.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Noites

A noite ia já  avançada,  a sala e o sofá  já  vazios, apeteceu-me fumar um cigarro á  lareira.
Esparramada ali a frente, a olhar as chamas, o calor a queimar-me as pernas e a alastrar até  ao peito. Que bom. Rosa Maria, deitada na sua almofada mesmo ali deitou-me um olhar ensonado, "festinhas, quero!" A sensação do pêlo macio e sedoso, ela a esticar-se de prazer e a dar-me turrinhas na mão. Impagável. Gato Zé enroscafo no sofá  levantou as orelhas ciumento, aproximou-se e deitou-se a meus pés "festinhas, também  quero!". Deitei o cigarro ainda no início  para a lareira e com as duas mãos ali estive a massajar barrigas de gato dengoso  não sei por quanto tempo. Quando dei por mim as chamas tinham morrido e os paus eram agora pequenas bolas moribundas. 
Fui para a cama e desta feita, ao contrário de em muitos outros dias, bastaram segundos para cair num sono profunfo.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Meia hora do meu sono de beleza??

Meia hora! É o que provavelmente vou ter de antecipar no meu despertador todas as manhãs, além de rever todo um ritual de lavar a cara com água fria, secar, passar o hidratante do Lidl misturado com o BB, pintar os olhos e já está. Aliás, já estava.
Há muito tempo, quando eu pertencia á classe média, sim, houve uma altura em que a classe média se safava e eu viajava muito em trabalho e lazer e comprava cremes de marca caríssimos nos aeroportos, bastante mais baratos do que nas perfumarias. E na esperança de que os cremes me fizessem  a tez linda e viçosa como a das gajas das revistas, eu usava aquilo tudo religiosamente.
Mas depois comecei a comprar fraldas e a pagar infantários e a comprar skates e a pagar judos e futebois e natações e ainda pequenas fortunas em livros escolares. E depois veio a crise e a troika e o raio que os parta a todos e eu continuei a pagar explicações e maços de cigarros e bebedeiras e universidades e toda contente deixei de viajar em trabalho. Em lazer então, é só quando o rei faz anos e no aeroporto não compro nada senão fico sem tusto para comer.
E depois até dizem que os cremes do Lidl são muito bons. E baratos...
Foi então que fiz mais um ano e me olhei a sério no espelho.
Foda-se!
E depois aconteceu! Perguntaram-me o que queria eu para prenda de aniversário ao que respondi "cremes para as rugas"
Pois há quem não resista a satisfazer-me os desejos e lá veio um kit completo. Uma sacada de merdas anti tudo e mais alguma coisa, acompanhado de um verdadeiro receituário, que se não o é, parece, não fosse eu não conseguir lembrar-me a que horas colocar o creme número três.
Será que meia hora chega para espalhar tanto unto?
Meia hora??? Socorro!