quarta-feira, 29 de junho de 2016

Tanto e nada

O seu olhar perdeu-se algures no horizonte,  a sua voz ficou calada, o seu pensamento voou inquieto, rápido e rasante. Imagens e palavras passaram a correr sem no entanto pararem para serem lidas ou sequer ouvidas.  São  palavras sem nexo, sem vontade e sem cor, imagens sem contornos e sem definição. As noites foram vestidas de sonhos, estranhos e turbulentos. As ideias misturaram-se num emaranhado  novelo onde a ponta se perdeu. O tempo fugiu, a inspiração escorreu por entre os dedos e esfumou-se no ar.
Cansada ....

domingo, 26 de junho de 2016

Dois tons de azul e um de encarnado

Hoje pendurei a bike no suporte da garagem e fui até á praia corar as peles. Já tinha saudades de me esticar no areal e perder-me a olhar os dois tons de azul de que mais gosto, o do céu e o do mar. O mar, apesar de azul, estava um cão, mas o céu, esse, não me falhou, estava no seu melhor, vestido de azul intenso. E a luz maravilhosa da manhã, aquela luz vinda do sol que nos incendeia por dentro e por fora. Ciente que estou de alguns dos seus malefícios, busuntei-me toda de protector hiper mega potente, coisa talvez para não deixar tapar as marcas do fato de ciclismo, mas isso não interessa nada, esqueci-me porém, de uma pequena parte do corpo. Tão pequena que nem me lembrei que o Deus Sol a fosse descobrir. Pois que descobriu, pois que apanhei um escaldão... nos pés! Tenho portanto uns pequenos pés cor de tomate que me doem com'ó caraças. Boa semana.


sexta-feira, 24 de junho de 2016

Posto isto

Estou muito ocupada fazer umas compras em libras e provenientes ali de um país  que eu cá  sei que hoje  levou um abanão. Agora vai ser vê-los cair que nem figos maduros...

terça-feira, 21 de junho de 2016

Destralhei a minha vida

Juntei as revoltas e as desilusões,  as injustiças e as tristezas e deitei tudo num baú. Coloquei lá  as pessoas tóxicas, os dias maus e tudo o que me desagrada. Livrei-me de algumas palavras e outras tantas ações.  Livrei-me de alguns pensamentos. Fechei e deitei fora a chave.
Deixei bem ao meu lado o azul do céu, as ondas do mar,  o sol e a brisa da manhã. Deixei as minhas pessoas, as coisas que gosto de fazer e muitos sorrisos. Deixei a vontade de lutar e apoiar e concretizar. Deixei o amor , a amizade e o carinho. Guardei bem juntinho a mim o perdão  e a paciência. Fiquei com o cheiro a flores , os sonhos e a força  de vontade.
Destralhei a minha vida, sinto-me muito mais leve e feliz.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Efeitos colaterais

Em chegada a casa trazia a cabeça para esvaziar de assuntos tratados e apenas alguns por tratar que o dia hoje rendeu, finalmente estou a voltar á rotina ainda que a minha alma e o meu corpo vagueiem por lugares longínquos, algures pelo Norte de Espanha e ainda andem no Caminho de Santiago.
Troquei as calças por uns calções, a blusa de seda por uma t-shirt, prendi o cabelo e enfiei uns chinelos de dedo já velhos e com o formato torto dos meus pés. Saí para o pátio e peguei na vassoura. Apetecia-me  varrer folhas, arrancar ervas daninhas e cortar as guias da buganvília que estão a nascer fora do sítio, preparar finalmente as espreguiçadeiras para apanhar sol. Só que não havia sol. Queria que as minhas rosas não estivessem já secas, mas estão e queria que a buganvília já estivesse em flor, tanta flor, que eu ficasse ali a admirá-la esquecendo-me das borboletas que se passeiam em mim quando me vejo ainda a subir e a descer aqueles montes e a viver mais uma aventura, a qual não sai de mim. Enquanto podava as guias deixei que as borboletas me inundassem e comecei a sonhar. Sonhei o impossível. Fazer o Caminho em família, eu, o marido e os meus dois filhos. Quanto ao marido, até já o fizemos juntos há dois anos, mas seria com os filhos, nós os quatro. Adoraria viver esta aventura com eles, transmitir-lhes estas emoções, mostrar-lhes tudo o que vi e vivi.
Ooops! Entretanto esqueci-me que haveríamos de jantar e corri para a cozinha. Parti um prato, cortei um dedo numa lata de cogumelos e ainda deixei cair a salada pelo chão. Isto não está fácil :)

Não sei se compre um biquini ou um escafandro

Pelo menos não tenho de me preocupar com as gordurinhas. O escafandro tapa tudo.

domingo, 12 de junho de 2016

E depois a blogosfera traz-nos surpresas

Há três dias peguei na minha bike, meti a minha vida, os meus medos e as minhas ansiedades nos alforges, entrei no comboio e parti para uma aventura a convite da Loira, uma pessoa fantástica que conheci na blogosfera. 
Já tinha feito O Caminho com o meu grupo de amigos e foi fantástico, mas desta vez eu e a minha bike juntámo-nos ao grupo dela, que eu não conhecia. Eles também não me conheciam mas logo me adotaram e lá fomos, todos juntos, todos unidos numa aventura de 300 kms. Ela está a voltar de bike para casa, eu, voltei hoje de carro que amanhã tenho de trabalhar, mas sem dúvida que voltei muito mais rica. Trouxe novas pessoas, novos lugares, novos momentos e emoções. No corpo trouxe marcas do sol e da chuva e na bike riscos de arbustos e de pedras. Os alforgens voltaram repletos de roupa suada e empoeirada, mas o meu coração, esse, veio cheio de tudo e a minha alma, enorme...
 Este Caminho é mágico e a blogosfera traz-nos destas coisas. Obrigada Loira!





sexta-feira, 3 de junho de 2016

Ensinamentos

Há muitos anos tive uma instrutora de ginástica numa coletividade perto de mim. 
De tez pálida, muito sardenta e cabeleira farta, tão, mas tão farta, encaracolada e ruiva, nada a condizer com a sua nacionalidade brasileira. O seu corpo era gracioso e gingava que parecia que falava, andando. A Jaciara, apesar de autodidata, era uma força da natureza. Na sua voz doce e cantada dava aulas de step, ginástica localizada, alongamentos e até danças folclóricas brasileiras que nos sabiam sempre a pouco de tão divertidas que eram. E para completar ainda nos dava conselhos de mulher para mulher. Sabia da vida, de moda, de beleza, de tudo. E tudo partilhava connosco. Uma coisa me ficou para sempre. Dizia a Jaciara: "Mininas, cabeça errguida! Porr mais qui si sintam tristes e dêprimidas, zangadas, mágoadas, piquenas, mirradas, minhas mininas, olhem em frente, sempre em frente. Barriga pra dentro e cabeça errguida, ein? Nunca isqueçam!" Hoje a Jaciara faz workshops de coaching e eu frequento um ginásio com professores doutorados, mas nunca esqueci. Caminho sempre, sempre de cabeça erguido e a olhar em frente. Só esqueço de encolher a barriga vá...

Cucu

Dias de Primavera e calor são dias que me trazem insonias e desvarios, vontades de ar e de luz, vontades de rua.  São dias que me trazem vida ao ar livre, desorganização e confusão até  a rotina dos dias de sol se voltar a instalar. Estes dias são  dias de abrir janelas para o mundo, de descobrir a pele e arejar o mofo. São  dias de lavar a alma, dias de estar alerta às  cinco da manhã  para não perder pitada da sinfonia dos pardais.
Estes dias são também  dias de muito trabalho e muito cansaço. Dias de planear, dias de realizar.
Mas eu ando aí. ...
Cucu!